8 de janeiro de 2011

Dresden Files: HQ "Welcome to the Jungle #1" Traduzida


Galera, entre outras novidades além das abordadas neste post, é com muita felicidade que digo a todos que após quase dois meses de espera, meu Enemies of the Empire chegou. Já dei uma boa lida em grande parte dele, e espero estar resenhando-o em breve.

Quanto ao assunto do post, muito tem se falado sobre Dresden Files, ao meu ver, desde a polêmica lista da RedeRPG em que ele aparece em 3º lugar. O RPG é muito legal, e a franquia já foi explorada em várias mídias diferentes, como os romances originais, uma série de TV, um RPG e alguns audiobooks. Em dado momento, resolveram também lançar HQ's do Dresdenverso, e é isso que quero trazer hoje.



Ao que me consta, foram publicadas duas grandes histórias nos "gibis" de Dresden. A primeira delas, "Welcome to the Jungle", conta a história de um caso de assassinato dentro do zoológico de Chicago em que novamente chefe do Departamento de Investigações Especial Karryn Murphy pede a ajuda do "consultor sobrenatural" Harry Dresden. Temos investigação, humor negro e tudo mais quanto é típico das histórias de Dresden nessa hq. A outra, é uma adaptação em dois volumes de quatro capítulos cada do primeiro livro da série, "Storm Front" (que recentemente descobri que VIRÁ ao Brasil pelas mãos da Editora Underground com o nome de "Frente de Tempestade").

Tá, mas o que Dresden Files tem de tão especial assim? Acho que primeiramente, o autor (o sr. Jim Butcher, que até agora não havia citado neste blog) escolheu muito bem por orientar suas histórias como se fossem um "diário" do próprio Harry Dresden, abordando suas investigações. Fala sério: quem não gosta de histórias de investigação? Quem é o culpado? Será o mordomo? De CSI a Sherlock Holmes, todos eles são muito legais. Em segundo lugar, ele pega aquela velha fórmula que "sempre dá certo". Colocar criaturas sobrenaturais, mitológicas e mágicas no mundo cotidiano urbano. A saber, o emprego primário de Harry Dresden é ser um "mago particular". Sério. Ele até está nas páginas amarelas de Chicago. Não estranhamente, é o único da seção "Magos" dela. Ele normalmente ganha solucionando problemas relacionados ao sobrenatural das pessoas que o contratam, ou gasta sua paciência explicando para as pessoas que ligam para seu escritório que sim, ele é sério.

Segundo Harry, as pessoas pararam de acreditar no sobrenatural, e a parte de "A feiticeira não deixarás viver" da Bíblia (Ex. 22.18) também não ajudou muito. Fato é, porém, que a ciência, "a última religião do séc. XX" não curou todos os problemas que pretendia. Ainda temos fome, guerra, injustiça irrestrita mundo a fora. Além, claro, de um porrilhão de criaturas sobrenaturais perambulando por aí. Para os personagens mais magicamente cientes de Dresden, a magia está lá, mas as pessoas preferem não se tocar disso. E com boas razões. Mesmo quando expostas a coisas obviamente mágicas, a maioria das pessoas "banais" tende a racionalizar aquilo de outra maneira mais "racional, lógica e cientificamente plausível", ou sublimar ou até mesmo esquecer que viram um vampiro espalhar o sangue de alguém pelo banheiro público. Claro, você pode viver tranquilamente sua vida por aí sem se preocupar com os demônios soprando maus pensamentos no seu ouvido, ou totalmente alheio pras tramóias entre as cortes vampíricas. Mas, uma vez tomando a pílula vermelha, não tem mais volta.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção em Dresden é o fato de termos, mais ou menos, tudo aquilo que já tínhamos, por exemplo, no OWoD. Vampiros, lobisomens, fadas e magos são as principais entidades do cenário no planisfério mágico. Praticamente todos eles não vão muito com as fuças uns dos outros e vivem declarando pequenas guerras secretas particulares. O que se diferencia do OWoD? Simplicidade. Não temos DOZE tribos de Lobisomens e sei lá quantos metamorfos filosofando a respeito de Gaia e defendendo o meio ambiente dos capitalistas da Wyrm enquanto os 950 clãs vampíricos se divertem horrores com o humor negro do Sabbath enquanto a Camarilla fica com seus joguinhos de poder. Sim, temos intriga, sociedades secretas, interesses próprios e todo um funcionamento do sobrenatural totalmente próprio, mas isso é feito de maneira bem mais simples.

Acho que a maneira mais simples se explicar essa bagaceira toda seria pela perspectiva do Conselho Branco (White Concil). Eles são uma espécie de sindicato mundial dos magos, responsáveis pelo estudo e proteção da humanidade contra todo tipo de criatura sobrenatural com más intenções (uns 99% delas). É dever deles também garantir que nenhum mago desobedeça as sete leis da magia (basicamente, não ferrar com a linha temporal, não fazer necromancia, dominar ou ler mentes, estudar assuntos "extra-universais" e não matar pessoas com magia). Harry (Dresden, não o Potter) é membro do Conselho, e está sob a Ruína de Damócles (Doom of Damocles) do próprio, mais ou menos uma espécie de liberdade condicional por ter matado seu tutor em auto-defesa. Normalmente, Dresden seria morto por violar essa lei, mas como sua auto-defesa foi defendida por um dos Anciões (elders), esse meio termo conseguiu ser arrumado. Ou seja, na próxima derrapada em que ele for pego pelos Vigias (Wardens) do Conselho, ele já era. Os costumes do Conselho são bem legais, mas vou ter que falar deles em outra oportunidade.

Há três cortes vampíricas, preta, vermelha e branca, e uma outra que tem permanecido secreta demais até mesmo para saber se existe (jade). Todas as cortes são "raças" do termo maior "vampiro". A corte branca é formada por vampiros de aparência totalmente humana, e se alimentam de emoções humanas, mas cada um costuma ter um sabor predileto. Eles normalmente são mais manipuladores e burocráticos (aristocratas), mas vira e mexe algum vampiro da corte branca pode ter um ponto de venda de drogas onde se alimenta de desespero, por exemplo. Eles se reproduzem hereditariamente (sim, eles são seres vivos ainda), mas também podem transformar um humano num vampiro.

A corte vermelha, como era de se esperar, é feita de vampiros que se alimentam de sangue (original, não?). Eles são humanóides com aparência de morcegos, mas normalmente usam feitiços para se disfarçarem de humanos. O contato com a saliva de um vampiro da corte vermelha deixa um humano mais forte e veloz que o habitual, e pode gerar efeitos viciantes. Não sei se vampiros da corte vermelha podem ter filhos, mas podem transformar humanos de que se alimentaram assim que este matar outro humano bebendo seu sangue.

A corte negra é feita de criaturas mortas-vivas que se alimentam de sangue. Há teorias apócrifas de que Bram Stroker teria sido influenciado pela corte branca a escrever Drácula, onde ele detalha entre outras coisas, meios de se matar uma criatura dessas.

Os lobisomens também têm suas próprias facções, mas basicamente eles são humanos que se transformam em lobos (infelizmente não posso evitar em relacionar isso a Crepúsculo), humanos que tomam a forma de outros animais e os lobisomens típicos (que conseguem uma forma "chrinos" intermediária entre homem e lobo).

As fadas (grande maioria delas versões das fadas Disney) vivem no mundo fantástico de Nunca-Nunca (Nevernever) e raramente interferem ativamente nos afazeres humanos, mas vira e mexe aprontam alguma coisa. As cortes do verão e inverno regem governam de acordo com o período do ano e possuem seus jogos próprios de poder, mas muito raramente eles chegam a atingir o mundo material.

E no meio desse fogo cruzado, com o Conselho Branco e várias outras sociedades secretas humanas (como o Venatori Umbrorum, a Irmandade de St. Egídio [Fellowship of St. Giles]), ficam ali defendendo os humanos comuns com feitiços, poderes divinos e não raras vezes o mais puro chumbo grosso nas fuças de qualquer monstro que se meter a besta com o Domínio da Terra (malz, não consegui evitar em citar Lord Rayden aqui).

Mas, e o que tudo isso tem de diferente, por exemplo, de Hellblazer (a saber, a hq de John Constantine)? Ao meu ver, positivismo. Por menos que possa parecer, as histórias de Dresden quase sempre têm um tom mais heróico, e finais felizes são um incomum clichê atualmente. Quase sempre todo mundo que não precisava morrer não morre, e "tudo acaba bem". Diferente do clima "Minha vida é feita de desgraças" do nosso desafortunado mago do universo Vertigo. Isso é um retrocesso a padrões antigos e bregas? Creio que seja melhor definir como "clichês tão antigos que viemos a nos esquecer de como eram bons". O Último Samurai é cheio de clichês e todo mundo gostou. D&D É feito de clichês e nem por isso deixa de ser o RPG mais vendido no mundo, ou criticado por essa falta de originalidade.

Agora some isso a humor negro, arte bem feita, diálogos inteligentes e uma narrativa rápida e certeira, e você chega ao que são as HQ's de "Arquivos de Dresden". Se é para falar de alguma coisa nelas, é o fato de serem cliffhanger pra caramba. Se você não sabe o que é isso, vale uma buscada na memória pela série clássica do Batman ("Santa citação remissiva, Batman!"). O final do episódio sempre envolvia da dupla dinâmica presa numa armadilha (besta) por seus inimigos e a voice-over indagando "Acaso nossos heróis conseguirão se salvar? Não perca, nesta mesma bat-hora neste mesmo bat-canal!", gerando aquela expectativa de roer as unhas no público. Isso é cliffhanger tem esse nome, traduzido porcamente por "agarrar no precipício" por encerrar cada episódio com o herói agarrado à beira da morte certa até o próximo episódio. Isso devia dar uma câimbra sinistra no McGiver). A saber, vocês já podem conferir esse espírito nessa HQ: E sejam bem-vindos à selva.

Download da HQ Traduzida: "Arquivos de Dresden": Bem-Vindo à Selva 1.

2 comentários :

  1. O termo certo é cliffhanger...

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  2. Acho q isso já até foi comentado aqui no antigo sistema de comments e corrigido... Mas lá vou eu corrigir de novo então.

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