16 de maio de 2011

Conto: As Crônicas das Terras Longínquas - (Off-play): O Códice Negro

Olá, pessoal.

Talvez até algumas pessoas possam ter achado que o projeto dos Contos das Terras Longínquas possa ter sido esquecido, mas não.

Tenho tido pouco tempo e inspiração para cuidar deles, e confesso que o pouco que tenho escrito também não tem me satisfeito. Assim, grande parte do pouco que é feito tem que ser refeita... E isso acaba não ajudando muito.

Conforme dito lá trás, neste post acho que vou apresentar um pouco da história que já conhecemos de Charchadrax, anteriormente conhecido como O Dourado, atualmente conhecido como O Negro.


O Códice Negro é um apanhado de trechos obviamente apócrifos, obscuros e cujas origens dificilmente poderiam ser remetidas a fontes realmente anteriores à Primeira Guerra, conforme dizem seus insanos fiéis. Mesmo sabendo disso, ele continua sendo tratado como um livro sagrado acima de qualquer outra versão a respeito dos fatos narrados nele.

Para seus seguidores, o Códice é a palavra final e incontestável que narra a traição sofrida por Charchadrax por seus irmãos invejosos, além de descrever profecias sobre o mundo pós-vida, ao lado de uma criatura amorosa, poderosa e sábia, acima dos outros Deuses Dragões, que é Charchadrax.

Desnecessário dizer, seus cultos são extremamente sigilosos, pois a simples menção de um elogio ao Deus Dragão Caído já é suficiente para atrair olhares assustados em alguns reinos, ou levar imediatamente um indivíduo à forca em outros.

Conforme dito antes, o Códice é formado basicamente por textos curtos e interrompidos, graças à perseguição do culto a Charchadrax nos reinos. Mas grande parte deles foi escrita pelo próprio "sumo-sacerdote" da fé, o eladrin Sagariel (que também é líder dos Príncipes Negros, os mais próximos seguidores de Charchadrax em pessoa), que já ocupou uma altíssima e privilegiada posição em seu reino... Mas isto já é outra história...

Trecho do Livro de Memórias, do Códice Negro.
Capítulo 2:
1. Vendo Sol e Lua tudo quanto criaram, acharam por bem criar filhos e filhas combinando seus sangues para povoarem a terra.
2. Assim nasceram os Cinco Deuses Dragões, do qual Charchadrax foi o primeiro e mais amado.
3. No primeiro amanhecer, Glacerar mostrou-lhes seus filhos anões, e viram Sol e Lua que eles eram bons;
4. Alragor deu a eles bravura e firmeza para se tornarem guerreiros moldados a ferro, e Inara os inspirou de sede pelos segredos da terra;
5. E Charchadrax os amou. E esta foi a manhã e a noite do primeiro dia.
6. Depois veio Haran, que exibiu com graça e majestade os elfos, e viram Sol e Lua que eles eram bons;
7. Alragor deu a eles o espírito do caçador, a perícia com o arco, e Inara semeou em suas almas a gentileza para com a natureza, árvores e animais;
8. E Charchadrax os amou. E esta foi a manhã e a noite do segundo dia.
9. E depois veio Iuno, que em jubilosa humildade trouxe os humanos, e viram Sol e Lua que eles eram bons;
10. Alragor os presenteou com os cavalos, para lhes serem servos fiéis e auxiliadores; e Inara sussurrou em seus ouvidos o desejo de sempre conhecerem o próximo horizonte, e a chama da cobiça;
11. E Charchadrax os amou. E esta foi a manhã e a noite do terceiro dia.
12. E depois veio Algaran, o invejoso, que como jóia da criação criou os eladrins em resplandecente glória, e viram Sol e Lua que eles eram bons;
15. Alragor plantou em suas mentes a luz dos segredos do mundo, e Inara colocou em seu sangue o poder da magia;
13. E Charchadrax os amou. E esta foi a manhã e a tarde do quarto dia.
14. Por fim, restava Charchadrax, que por ser o mais amado, nada mais havia conhecido senão o amor de seus pais.

Capítulo 3:
1. E vira Charchadrax tudo que seus irmãos criaram, e então percebera que a obra de seus pais e irmãos era por si só já perfeita, e nada mais restava para ser criado.
2. Contudo, o amor de Charchadrax para com a vida era tamanho, que ela precisava ser eterna, conforme já não era mesmo nos dias de seus pais.
3. Assim, tomou Charchadrax de seu poder, e o rasgou, espalhando por toda a criação a semente de seu amor. E esta foi a manhã e a noite do quinto dia.
4. De tal modo que, todo aquele que morresse, não mais morreria, mas viveria para si ao lado daquele que mais amou os filhos de seus irmãos.
5. Porém, iraram-se seus irmãos de tal maneira que contendiam contra ele, e não podia achar quem o salvasse,
6. Nem mesmo seus pais, a quem mais amava e era por eles amado ouviram seus clamores. Contudo, não perdera Charchadrax a sua fé. (Pois confiava que um dia seus pais ouviriam seu sincero clamor e o livraria do jugo de seus irmãos)
7. Por cinco dias e cinco noites, caiu Charchadrax ao mais profundo abismo, onde está até os dias de hoje.
8. Porém, fez o Rei Amado saber por meio de seus discípulos de sua grandiosa obra: Que fazendo-se servo quando deveria ser senhor, pagara pelo seu amor sacrifício sem igual acima dos Céus.
9. Pois que antes, havia fogo e confusão na vida, mas na eternidade ao Seu lado, só há paz.

Capítulo 4:
1. Faz-se então saber o que diz o Rei Amado, por meio de profeta Sagariel:
2. Que tendo eu caído Céus e Terra até onde estou, de maneira alguma desanimo ou desfaleço em busca de meu galardão ao lado de meu pai e mãe, que me é por direito.
3. Portanto, vede meu exemplo e não desanimai. Segui e vinde a mim, convictos; pois convicto sou.
4. Pois muitos são os sofrimentos da vida, mas em mim, encontrareis eterno descanso.
5. Porquanto sei que se minha mãe me acolhe, e meu pai me repudia, certamente venceremos, e jubilosos, entraremos no Palácio Celestial como filhos meus;
6. E lá cearemos, por toda a eternidade.

________
O Códice continua, com vários outros livros cheios de textos considerados profanos e enlouquecedores para qualquer estudioso ou clérigo com um mínimo de juízo.

Mas isto também é assunto para outro post...

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