15 de julho de 2012

Contos das Terras Longínquas: Trecho 2

Olá, pessoal.

Tenho andado meio desanimado com o ritmo (ou ausência disto, na verdade) de comentários, mas um pouco empolgado em ter finalmente estreado meu A Touch of Evil. Chegamos a enfrentar todos os quatro vilões iniciais, vencemos todos (embora ainda falte enfrentar o Lobisomem no modo avançado), embora tenhamos sofrido a rodo com o Cavaleiro Espectral. Mas não é sobre isso que venho falar hoje.

As CTL andaram sumidas há um tempão, mas o que venho a mostrar hoje é algo que pode ficar um pouco confuso, mas creio que seja um ponto chave da história. Cheguei a escrevê-lo há um tempinho, mas hoje resolvi colocá-lo aqui para pelo menos provar que o projeto não parou no primeiro preview. Ainda estou longe de acabá-lo e tenho encontrado dificuldades em prossegui-lo no atual ponto, em grande parte, por não saber se o rumo que estou seguindo é realmente o mais interessante para a história. Em parte, eu creio que pedir ajuda no blog é meio atestado de incompetência, ou talvez possa tornar o livro em si algo previsível e desinteressante. Pode agradar a todos num nível, mas talvez seguir o rumo que imagino possa surpreender e acabar agradando muito mais. Ou talvez não.

De toda forma, espero que gostem deste curto capítulo, desta vez, centrado em Lauran de Rafaga.



Lauran esperava com notável impaciência em seus aposentos. Ele segurava uma carta em sua mão, já quase toda amassada por sua raiva e insatisfação. Ele devolveu o cálice de vinho à mesa quando a porta se abriu e a mulher em mantos negros adentrou o cômodo.
“Vida e graça à Casa Rafaga. O vizir mandou me chamar?” Perguntou a jovem em reverência, enquanto retirava o capuz exibindo longos cabelos dourados, mas ainda conservando um tecido quase transparente cobrindo o rosto abaixo de seus olhos.
“Grão-vizir, minha jovem. Você veio aqui a pedido do grão-vizir de Mirandel. Não se esqueça disso, por favor.” Corrigiu Lauran, sinalizando para que ela se levantasse.
“Perdão. Em que meus serviços podem ajudar o grão-vizir de Mirandel, então?”
“Você sempre foi uma jovem promissora, Iriana. Seus talentos são inúmeros e a desatenção ou desinformação estão longe de serem defeitos teus. Por isso, pergunto o que sabe a respeito da empreitada de nossa princesa?”
“Da jornada de Samara de Mirange até os confins da Fronteira em Al-Harzik? Tudo que sei é que eles foram até as terras da Casa Mohad, e de lá parecem estar seguindo para o leste. O que me confunde. A rota mais natural seria seguir para Harárdia, ao norte.”
“Louvável resposta, minha cara. Por acaso, poderia me dizer o que nossos estimados compatriotas poderiam querer com este desvio?”
“Não faço a menor ideia, meu grão-vizir.”
“Ora, não imaginei que fosse esquecer tão facilmente do lar que teve durante tantos anos.”
Iriana estranhou. “A Academia Real?” Ela respondeu corada. “De maneira alguma me esqueci do que vivi e aprendi por lá. Os anos que passei na companhia do grão-vizir é que me foram inestimáveis.”
“Esta é a razão de tê-la chamado, Iriana. Temo que seus dons serão extremamente valiosos para o trono de Mirandel.”
“Perdoe a ignorância desta serva, mas não vejo no que eu, em detrimento de tantos outros servos que vossa eminência tem, possa servi-lo.”
“Seus conhecimentos da Fina Arte ainda são tão bons quanto eram nos dias em que a conheci?”
“Pratico todos os dias para que não se deteriorem, meu grão-vizir.”
“Excelente. Você ainda possui contatos dentro da Academia?”
“Poucos, mas creio que ainda conheça alguns dos meus mestres ainda lecionem lá.”
“Melhor ainda. Você ainda é amiga de Samir de Mohad?”
Iriana não conteve o espanto à pergunta. “O grão-vizir sabe que não. Não tenho olhos para ele desde que o conheci. Se por acaso olhei para ele, que Algaran me fulmine…” Lauran sinalizou para que ela parasse.
“Não é necessário tamanho alarde. Só perguntei, pois seria útil que ainda fosse sua amiga. Talvez seja necessário influenciá-lo, afinal.”
“Não compreendo os planos do grão-vizir, mas me ponho totalmente em suas mãos.”
“Samir é filho do vizir Fanar. E como tal representa uma das casas que suporta a princesa em sua busca. Acaso o grão-vizir deseja que eu aja contra tal propósito?”
“E se estiver?”
“Então devo lembrá-lo que tal coisa seria um anátema. O próprio conclave não aprovaria esta ação. Seria considerado uma ação que impede o poder dos próprios Deuses. Se foi a santa Miriã quem deu o direito dos Mirange governarem…”
“Eu sei. Eles que governem. Já ouvi o ditado.” Interrompeu Lauran. “Então é melhor que tal intento permaneça em segredo, não?”
Iriana calou-se. Ela deu alguns passos, ainda circundando o grão-vizir. “E por que um homem que já tem tanto cobiçaria interromper a justa causa de uma irmã em busca da restauração de sua casa? Meu grão-vizir deseja tanto assim a coroa?”
“O que desejo, minha cara Iriana, é um reino forte e poderoso, tal qual nos tempos de nosso Alto Rei. A casa Mirange desfalece. Eu não me alegro nem desejo isto. Mas é um fato. O príncipe coroado está morto ou pior ainda além da Fronteira, o Alto Rei espera seu descanso final e a princesa parte para o mesmo destino de seu irmão sem deixar um herdeiro. Mirandel precisa de um rei. Se porventura for necessário alguém forte o suficiente para manter o reino tão grandioso quanto nos seus mais jubilosos dias de glória, fico feliz em atender o chamado.”
“Se me permite a petulância, grão-vizir, e se não for sua a voz poderosa a liderar nosso povo? Ainda apoiará outra casa que não a sua?”
“Duvidas de minha lealdade para com o trono, Iriana?” Indagou Lauran, arqueando uma sobrancelha.
“De modo algum.” Respondeu a jovem com uma reverência.
“Ótimo. Por favor, sente-se enquanto lhe digo o que quero que faça.”

2 comentários :

  1. MAIS, MAIS!!!

    Bom saber que as CTL não morreram! Gostei muito deste capítulo. É claro que não temos como saber exatamente quais são os planos de Lauran, mas não ficou confuso. Pelo contrário, agora fiquei mais curiosa ainda!

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    Respostas
    1. Ficou faltando um pedaço entre este e o primeiro preview. Mas acho q deu pra pegar mais ou menos qual é a da cena. Confesso que acabei de mudar alguns detalhes após uma rápida leitura, mas a ideia geral do texto continua ali.

      A saber, só alguns "spoilers": Lorde Mohad não está morto (pode ter dado a parecer). O ataque que sofreu em sua casa o impossibilitou de seguir viagem, apenas. Por isto Samara, Klaus e Sallah estão indo para a Academia Real (a busca precisa do apoio das três casas, e o único membro dos Mohad q pode ajudar está lá). E é nesta direção que agora Iriana está indo também. Com intenções muito boas. Dependendo a quem perguntar.

      Obrigado pelo apoio, Astreya. E espero que tenhamos mais gente comentando aqui tb sobre as CTL. Elas não morreram, mas confesso que tenho trabalhado pouco nelas. Tenho várias ideias, mas preciso parar de me criticar e produzir mais.

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