11 de março de 2011

"O Que é RPG?"

Bom, se você já freqüenta este blog há algum tempo, este post parece bem desnecessário. Porém, seguindo o bom exemplo do Red Dragon lá no blog do Clérigo, aqui vai uma rala explicação sobre "esse tal de RPG", que não é Reeducação Postural Global, nem uma linguagem de programação e nem um lança-foguetes, então é porque é o que tantos falam e que está presente em quase todo post por aqui.

Sendo esse caso, é só clicar abaixo e entender de vez essas três letrinhas tão complexas.

Role-playing game, também conhecido como RPG (em português: "jogo de interpretação de personagens"), é um tipo de jogo em que os jogadores assumem os papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. O progresso de um jogo se dá de acordo com um sistema de regras predeterminado, dentro das quais os jogadores podem improvisar livremente. As escolhas dos jogadores determinam a direção que o jogo irá tomar.

Os RPGs são tipicamente mais colaborativos e sociais do que competitivos. Um jogo típico une os seus participantes em um único time que se aventura como um grupo. Um RPG raramente tem ganhadores ou perdedores. Isso o torna fundamentalmente diferente de outros jogos de tabuleiro, jogos de cartas, esportes, ou qualquer outro tipo de jogo. Como romances ou filmes, RPGs agradam porque eles alimentam a imaginação, sem no entanto limitar o comportamento do jogador a um enredo específico.

O RPG tem seu uso amplamente incentivado pelo Ministério da Educação (MEC) como método de ensino. É usado para aguçar a cooperação mútua e o raciocínio lógico dos estudantes.
- Retirado da Wikipedia

Acho que a melhor maneira de se entender o que é RPG de fato, seria arrumar um bom grupo e jogar com eles. Simples assim. Mas isso levanta novas questões: Como achar um grupo bom? Como saber se um grupo é bom? E em primeiro lugar, o que seria um grupo bom?

Assim sendo, acho que a melhor maneira de explicar o que é RPG é partir de suas raízes históricas, profundamente arraigadas aos jogos de tabuleiro estratégicos, como o War. Reza a lenda, em idos de 1974, um jovem americano chamado Gary Gygax teve a genial idéia de simular combates medievais num tabuleiro com cada jogador controlando apenas um personagem, ao invés de pelotões e outros grupamentos coletivos de soldados. Até então, os jogos de tabuleiro tinham por viés principal apresentar campos de batalha medievais fantásticos, impulsionados pela chegada anos antes do livro O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. Surgia então o que é considerado hoje o primeiro protótipo de RPG, o Chainmail.

Mas foi só com a inserção das idéias de Dave Anerson, que o Chainmail cresceu e se tornou algo maior. Que se destinava também a representar a vida dos personagens fora dos frenéticos combates repletos de magias, espadas e monstros. Junto com a empresa TSR, surgia Dungeons & Dragons, considerado de fato o primeiro RPG. De lá pra cá foram surgindo produtos semelhantes, tentando explorar melhor essa idéia de mundos fictícios e personagens imaginários.

Ou seja, há uma área muito nebulosa entre o RPG e os jogos de tabuleiro estratégicos. Os dois têm suas propriedades bem definidas, mas vira e mexe algum novo título fica ali no meio, sendo uma coisa para uns e outra para outros. Mas, basicamente um RPG é uma plataforma narrativa, tal qual os filmes, peças de teatro, histórias em quadrinhos ou até mesmo livros de ficção, em que uma história se desloca. Aliás, isso acontece em todas essas mídias. O diferencial do RPG está no modo pelo qual esta história se desloca.

Ao assistir um filme, ler um livro, ou história em quadrinhos, a história sempre transcorrerá dentro de um conjunto bem definido de possibilidades (normalmente um rumo só, mas quem já leu "Manicômio do Coringa" sabe que há como uma hq terminar de pelo menos dois jeitos diferentes). É como se o autor estivesse simplesmente passando as páginas da história para você assistir o modo no qual ela se desenvolve. Muito legal, muito divertido. Mas em RPG, uma história raramente é definida unilinearmente. Uma história transcorrida num RPG se desenvolve com a participação ativa e constante de seus jogadores. E como isso é possível? Ora, é bem mais fácil do que parece.

Lembra da idéia genial do Gygax com cada jogador do wargame controlando apenas um personagem? Pois é. Numa partida de RPG cada jogador assume o papel fictício e imaginário de um personagem na trama proposta. Isso. Como um teatro. E assim, os jogadores controlam os próprios personagens principais da história, agindo de acordo com as intenções e propostas narrativas concebidas por cada um. Nossa, pareceu complicado, não? De novo, mais simples do que parece.

Nesse aspecto, muito pouco se diferenciaria entre o RPG e as velhas brincadeiras de crianças como polícia e ladrão, casinha, etc. Havendo ou não uma proposta de roteiro inicial fixa (normalmente chamado de "plot", termo copiado da roteirização cinematográfica), a idéia costuma ser colocar esses personagens criados pelos jogadores numa trama proposta. Em qualquer cenário. Imaginário, histórico, futurista, oitocentista, contemporâneo... Sei lá! O céu é o limite! Se você quiser ser um vampiro de Crepúsculo, tudo bem! Ou um vulcano a bordo da Enterprise, beleza. Ou talvez um cavaleiro da Távola Redonda, ou uma patricinha de Beverly Hills, ou um cavaleiro jedi... Enfim. O que caracteriza o RPG como tal é o fato de termos pessoas juntas criando uma narrativa baseados nos conceitos de seus personagens.

O sistema, as regras, dados e outros aspectos mais algébricos são de importância variável de um RPG para outro. Mas, basicamente, servem para auxiliar a decidir rumos em que a história pode variar significativamente dependendo de uma situação mais importante. O lutador pode nocautear o outro com o golpe final, ou pode errar e perder o título mundial. O caçador de tesouros pode ficar preso na armadilha, ou correr e escorregar pela porta de pedra antes que ela se feche completamente. Questões como essas dependem bastante das capacidades do personagem, mas a chance de falha sempre pode sofrer influências entrópicas de infinitas variáveis externas. Para simplificar esse papo físico de efeito borboleta, basta dizer que o resultado de uma rolagem de dado (ou de vários dados, dependendo do sistema) é que decidem essas questões aleatórias de sucesso ou falha.

Mas, acima de tudo, o RPG é um passatempo bem apreciado pelos seus praticantes. E por várias razões. Sim, ele gerou variantes computadorizadas e até mesmo online como os MMORPG, e não faltam linguagens que o citam ou fazem uso de seus mecanismos.

Se for para colocar de modo bem resumido, o RPG é um ótimo meio de reunir seus amigos, se divertir e construir algo legal, divertido e coletivo que será eternamente único e exclusivo de vocês. Uma história jogada, mesmo que posteriormente repetida com os mesmos ingredientes e pelo mesmo rumo, não será a mesma história exatamente. Filosoficamente falando, da mesma forma que o mesmo homem não passa duas vezes pelo mesmo rio.

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