18 de agosto de 2011

Mestrando para Novatos

Pelo poder da esperança...
Bom, não são raros os posters blogosfera RPGística a fora reclamando das velhas conhecidas causas do empacamento do crescimento do RPG. Primeiramente, o ciclo Tostines de "Ninguém investe porque não vende, e não vende porque ninguém investe". E também temos o fato meio-lenda, meio-verdade que o RPG saiu de moda. Talvez perdendo espaço para os MMOs da vida. Enquanto isso, Devir e Jambô parecem estar caçando borboletas no meio do fogo cruzado, à medida que as editoras menores fazem barulho, mas quando não é por nada, é por muito pouca coisa. Contudo, acho que pelo menos hoje, tive uma experiência que me fez ter mais esperança no futuro.


O evento em si começou na semana retrasada, quando, de maneira descritível como nada menos do que "do nada", um grupo de amigos apareceu na Taberna Conclave (ou seria no Conclave do Dragão?) perguntando para mim, um amigo meu e o balconista da loja (aka.: "Marcelo da Conclave"), que estávamos conversando em uma das mesas, se por um acaso alguém dali jogava D&D 4ª Edição. Após os primeiros segundos de choque inicial, confirmamos, eu e o Marcelo, que sim, gostávamos mais da 4th do que das edições passadas. Papo vai, papo vem, acabamos demorando até que bastante tempo para montar personagens graças a nossos respectivos compromissos acadêmicos. Enfim, deslanchamos hoje a primeira seção de um incauto grupo de aventureiros se aventurando por um território muito pouco explorado, formado por um dinossauro e um bando de gente beeeeem mais nova nas terras imprevisíveis do RPG.

Inicialmente, foi só aparar algumas dúvidas de sistema, montagem de personagem, o que acabou custando um dia inteiro de nossos encontros em princípio, semanais. Como nem eles nem eu tínhamos muita coisa preparada, resolvi ser um mestre preguiçoso e colocá-los na clichezona aventura pronta "Fortaleza no Pendor das Sombras". Andamos com poucos encontros, mas pelo menos foi bem divertido ter essas novas gerações se interessando em RPGs "pen and paper".

Poderia ficar falando aqui sobre como é formado o grupo, sobre como eles se saem nos encontros, mas acho que isso seria apenas mais um relatório de campanha de uma aventura que parece não gerar novidades para ninguém. Pelo que pude observar, o grupo ainda é meio tímido em interpretação, mais descrevendo as falas do que as interpretando em primeira pessoa propriamente. O que no caso de nosso paladino meio-elfo skatista, fica até engraçado, imaginar um paladino cheio das gírias e "malandragens". Considerei a seção bastante divertida, e ao invés de ficar estressando com as interrupções off-play, celulares tocando, jogadores atrasados ou tendo que ir a outros compromissos durante a seção (e por increça que parível, voltando a tempo de se atualizarem de tudo que rolou) e comentários totalmente aleatórios, resolvi entrar no clima junto. Uma vez retiradas as dificuldades iniciais de começar uma aventura (o frio na barriga de ter que fazer essas pessoas fingirem serem outras e gostarem disso, ou de repente vir a saber mais de regra do que eu pode ser bem embaraçoso; e o incômodo: "Como é seu personagem, descreva-o para nós" me pareceu ser bem difícil para quem tem pouca ou nenhuma experiência em RPGs de mesa), parece que todo o negócio fluiu naturalmente.

Não sei muito sobre o grupo em si (considerei que no meio de tantos amigos, eu soasse meio que como o elemento intruso), mas me parece que todos estão em idades de segundo grau. Me fez ter saudades do tempo em que realmente podia me sentar nas mesas junto a pessoas que considerava lendas em narração, e aprender ao máximo que pude com eles. Me considero uma fração ínfima do que tais mestres foram em suas épocas, e espero conseguir passar pelo menos um pouco disso a essa empolgada, dedicada, mas ainda um pouco desajeitada geração. Dessa vez, a "lenda" sou eu, e há uma baita responsabilidade pesada nisso. Vejo muito potencial neles, e espero sinceramente tê-los como jogadores muitas vezes mais. É interessante também ver como coisas naturalmente básicas para nós chegam a ser insondáveis para eles, como "Ataque é sempre com d20?" ou "O que faz este poder aqui mesmo?". Isso me faz pensar em meios mais fáceis de assimilar essas coisas.

Bom, no meio de um verdadeiro mar de desespero a respeito de crises de mercado e RPGistas de modo geral entrando em extinção, acho que encontrei no mínimo um oásis de segurança no qual posso descansar por um bom tempo. Minha única preocupação no momento tem sido causar uma impressão errônea do que é RPG e de repente "traumatizá-los" nesse sentido. Mas espero que tudo vá bem.

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