19 de maio de 2013

Velhas Lições... que Ainda nos Surram

Selo da página. Este desinger
merece um aumento!
Saudações, senhoras e senhores.

Bom, fato é que tenho andado muito tempo sem postar. E com as coisas RPGisticamente paradas ao meu gosto, tenho produzido surpreendentemente muita coisa lá na Girl in GAME (se você ainda não passou por lá, aproveita aí o link). E foi meio que nesse meio que na verdade fui acometido pelo tema que queria expor aqui hoje.




Creio que não seja novidade nenhuma pra ninguém aqui que os MMOs em MUITOS aspectos são herdeiros diretos de seus antecessores mais nérdicos, os RPGs de mesa. O próprio WoW pelo menos tem a decência de admitir uma violenta inspiração no mais conhecido RPG de mesa, o onipresente D&D (o que de maneira alguma se restringe às raças do cenário, mas passam também por alguns plots que imitam os de outros cenários de D&D como Greyhawk e Forgotten Realms. Eu também acho a cidade dos worgens com um climão de Ravenloft, mas é só achismo meu mesmo). Há quem ainda ache um anátema fazer o caminho inverso, importando coisas dos MMOs para a mesa (vide D&D 4ª edição, com seus papéis de combate e outras "inovações"). Mas o que achei realmente curioso foi o que ocasionou um acontecimento ainda bem recente.

Senhores, esta é a Ingrid. Dizem que imagens assim
melhoram a audiência da página, então...
Ainda preocupado com a reputação de minha heterossexualidade, continuo, como disse, produzindo bastante coisa para a Girl in GAME (embora eu esteja longe de ser uma "girl", admiro pra caramba os pontos de vista femininos a respeito de nossas tão másculas nerdices cotidianas), e conversado com as duas principais outras colaboradoras de lá (as senhoritas Alba e Lindiane, a quem tenho profundo apreço e admiração), bem como com pessoas de outras páginas também (um grande abraço aqui para o pessoal da WoW Girl e da Tilt, principalmente). Considero essa convivência pacífica bem legal por lá. Daí que nessas indas e vindas, me peguei assistindo um vídeo da Ingrid Christeen. Já havia assistindo um ou dois vídeos dela. Inicialmente fiquei super feliz por termos alguém que ao mesmo tempo consegue ser bonita, divertida e gostar tanto assim de jogos (e pelo visto, outras nerdices também) e se dispor a produzir os vídeos (que por mais bobinhos que fossem, eu achei super legais) de graça, por livre e espontânea vontade. Tudo ia muito bem, até esse dito vídeo em que ela comenta sobre haters.

É normal haver haters, infelizmente. E na melhor das hipóteses, é um sinal de que o objeto "hateado" está crescendo e atingindo uma quantidade significativa de pessoas. Dessas, é ÓBVIO que haverá pessoas que discordarão do que é exposto. Mesmo que o que esteja lá seja "2+2". E qualquer objeto é passível de crítica. Ou seja, é até saudável termos um ou outro hater. Bem como ser hater de alguma coisa. Ou seja, não estou tirando a moral dos caras, nem ridicularizando o direito que as pessoas têm de não gostar de qualquer coisa que seja. O que venho a questionar aqui, na verdade, é o que leva essas pessoas a serem tão haters assim. E nisso, ironicamente, creio que haja uma herança maligna dos RPGs de mesa daqui do Brasil.

"Eu tive um sonho. Em que mulheres e homens poderiam
jogar RPG em pé de igualdade, mas a noobice é foda!"
Primeiramente, creio que todos nós, RPGistas de dados lascados, já presenciamos aquele momento tenso em que uma garota aparece na mesa. Sim, há casos extremos para os dois lados. Eu mesmo já tive uma mesa onde eu era o "bendito o fruto" e nem por isso me sinto o fodão, mas isso não tem nada a ver. A questão é que nós, nerds do sexo masculino, vemos isso como algo tão incrível que o tiro não raramente sai pela culatra. Os esteriotípicos e lendariamente desagradáveis urubus babando na carniça da pobre ovelhinha indefesa. (In)Felizmente nunca passei por nada parecido, mas imagino que seja bem desagradável. O que tivemos como resultado? Campanhas e posts dos mais diversos web nacional a fora sobre etiqueta, respeito ao sexo feminino e outras coisas que deveriam ser óbvias, mas que infelizmente precisaram ter sido ensinadas a nós, indóceis "galantes" nerds latinos.

Garotas gamers.  Onde vivem? Do que se alimentam? Elas existem mesmo,
ou é tudo propaganda da Wyrm? Esta sexta, no Globo Repórter
Imagino que as mulheres ainda sofram esse assédio por vezes inconveniente ainda nos jogos online, da mesma forma que ainda sofriam nas mesas de RPG anos atrás. A questão pode ser oriunda das melhores das intenções, mas a simples ideia de haver tratamento diferenciado (mesmo que privilegiado) para este ou aquele jogador, é no mínimo incômoda para mim. O RPG costumava ser um hobby onde todos eram tratados em pé de igualdade, e a predileção era uma atitude repreensível por parte do Mestre. E imagino que este tenha sido o estopim do caso da Ingrid.

Sim, ela é uma garota bonita. Sim, ela é uma gamer. Sim, as duas ideias juntas mais parece um bug da Matrix, mas, creiam-me, é verdade. Conforme-se com isso, oras.

O que mais me assusta nisso tudo, é a ironia entre intenção e consequência dessa atitude. Sim, nós, nerds/gamers/geeks homens sempre sentimos falta de mulheres com gostos semelhantes. A imensa maioria de nós adoraria ter uma namorada/amiga/esposa/cônjuge/parceira/whatever com gostos afins. Resultado? Quando qualquer mulher sequer desperta interesse a respeito, a onda de "cavalheirismo" e "cortesia" pode incomodar. E isso acaba gerando um "trauma" que pode afastá-la de vez desse meio.

Outra alavanca para o dito caso, eu creio que tenha sido o suposto paradoxo criado pela ideia de termos ao mesmo tempo uma garota bonita, divertida (ou que ao menos, se diverte com os vídeos que faz), seja boa exatamente naquilo que "apenas nerds espinhentos, ocludos e gordos como nós (não, não sou gordo, muito pelo contrário) deveríamos ser bons". A Ingrid até comenta que um de seus haters possui IL e menos Achivs do que ela.

Ou seja, a ideia por si só não faz sentido. Você aí, seu hater decerebrado, vive xingando Deus e o mundo porque nunca vai achar alguém legal com quem compartilhar esses seus hobbies, mas acha extremamente divertido literalmente bombardear iniciativas como as da Ingrid (e imagino que muitas outras também sofreram isso. Quero crer que até mesmo o famoso WoW Girl um dia já foi algo tão pequeno quanto), e efetivamente brotar que outras garotas também se identifiquem a respeito e venham compartilhar esses mesmos gostos. Se você quer ser hater de algo, no mínimo, SAIBA SER. Há um tempo vi uma frase bem sábia a respeito na Internet: "A web é um domínio instantâneo, e baseado em acessos. Ou seja, se você não gosta de algo, dizer na rede que não gosta desse algo é simplesmente dar a ele mais acessos. Seria como se você estivesse andando na rua, encontrasse um cocô de cachorro e resolvesse rolar em cima dele dizendo pras pessoas: 'Eu odeio cocô! Eu odeio cocô!'". Ou no mínimo tenha a decência de fazer críticas construtivas. Sim, eu mesmo já tive que conviver com muitos haters Internet a fora. E esse também foi um dos grandes motivos para eu ter me afastado do RPG convencional. Com isso, não tenho feito traduções nem nada a respeito. Simplesmente porque se eu fizer o apanhado geral, a noção que tiro é que o público brasileiro de fato não merece esse meu esforço. É uma verdade dura para quem acompanha e gosta daquilo que já fiz por aqui, mas nem por isso menos verdade. Então, por favor, não deixem que isso aconteça com esse jovem e promissor talento que é a Ingrid.

Sem mais (porque já escrevi um TCC neste post), deixo com vocês a url do vídeo (porque sei lá o que o blogspot comeu pra ele não conseguir linkar o vídeo direto aqui) que originou tudo: http://www.youtube.com/watch?v=IPto8Pdllbk&feature=youtu.be&a

E que as Fortunas estejam com todos.

2 comentários :

  1. Coitada da menina...

    Gostei bastante do vídeo (e do post também). Algumas pessoas parecem achar que a gente tem que assinar um contrato com vários requerimentos para "ter direito" de gostar de algo e falar sobre esse algo. Pelo amor de Corellon, viu...

    Eu adoro Warcraft, e eu gosto da Horda e da Aliança. Não falo muito isso porque tenho impressão de que é um pecado por aí XD. Gente, pra que tanta babaquice? Tanta regrinha defecada? Isso só afasta as pessoas... No RPG também temos muitos problemas com isso sim. Tem gente que se acha um deus porque joga RPG, e tem gente que se acha acima de um deus porque é mestre de RPG. Gente. Mas Gente. É um jogo, é um hobby, é pra ser divertido!!!

    Eu acho super saudável que haja críticas, que haja discussões em relação a certos trabalhos. Mas eu acho que o mínimo que se deve ter é educação. Um dia um cara entrou no blog do meu livro e simplesmente falou que as ilustraões da minha amiga eram verdadeiras poluições visuais e que combinavam com minha "histórinha cheia de clichés". E que o que importava era eu ter amigos, porque daí não importava a qualidade do que eu fizesse, sempre ia ter alguém para elogiar.

    Fiquei passada na época, porque tenha quase certeza de que o cara nunca leu o meu livro. Então, criticar desse jeito é só pura babaquice mesmo... enfim. Comigo foi uma vez só, mas eu percebo que tem muita gente que sente prazer em desqualificar e tentar arruinar a iniciativa de pessoas que simplesmente querem fazer algo que gostam, e compartilhar isso com pessoas afins.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A pior parte é q isso deixa trauma mesmo. Por conta de uma série de erros de tudo qto é lado, L5R provavelmente nunca será lançado no Brasil por conta disso tb.

      Enfim, eu acho até legal a cultura nerd estar sendo bem valorizada nesses últimos anos, mas está chegando ao ponto de q vc tem q se provar enquanto "true nerd" para não ser ridicularizado como um poser. Cara, isso é horrível. E o q acho pior ainda é q vc prova isso pelo q vc consome, qtas action figures vc tem ou outras idiotices dessa. Sincero, eu sinto falta do tempo q ser nerd era fazer parte de um movimento praticamente ideológico, não uma medição de ego baseada em qto vc é capaz de gastar com itenzinhos para encher seu altar nerd.

      Sobre o seu livro, Astreya, confesso q ainda nem tive tempo de ler nada, mas pelo q vi dele, ele é bem promissor sim. A sua galera, ao meu ver, tem plena capacidade de produzir coisas muito legais se tiverem meios para tal. É o caso q inclusive discuti com a Ingrid. O brasileiro está acostumado a superproduções. E acha q essas coisas surgem do nada. O apoio a essas pequenas iniciativas e suas uniões é o q permite q monstros literários como Tolkien ou o próprio Lovecraft. Ambos participavam de "clubes de autores", onde as experiências são trocadas e eventualmente algo fenomenal surge. Mas nós, brasileiros, esperamos isso cair miraculosamente nas nossas bocas do "lado de cima" do Equador. E qdo alguém aqui tenta semear algo, é isso aí q vc viu. Triste isso.

      Excluir

Leia Também:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...