L5R - Gempukku (Parte 4): O Clã Dragão

Antes de iniciar este post propriamente, gostaria de ressaltar que de maneira alguma fico descontente com a iniciativa e com a recepção que L5R tem tido para muitos dos que não o conheciam por meio deste blog. Porém, em grande parte devido ao meu atual calo acadêmico, estou tendo minhas faculdades mentais parasitadas para um pré-projeto que cada vez mais tem se mostrado um trabalho de Sísifo.

Agora, chega de mitologia grega e vamos a Rokugan, que creio ser o que interessa a maioria. Como alguns podem estranhar, o Dragão empatou com o Escorpião na votação, mas ele ganha vantagem por dois motivos: 1) Ordem alfabética. 2) A Marianna (aka: Kami-sa-Mari, Lady Vol, Soshi Mari, etc.) votou duas vezes no seu Clã cativo. Resultado, acabei "anulando" um voto dela, dando vantagem ao clã do Kami Togashi (e inventando a cláusula "1"). Todavia, o Escorpião a pedido dela e de algumas pessoas do chat, fica como o segundo a ser tratado nesta seção. O que de maneira alguma acho chato. Gosto bastante do Escorpião.

Bom, só para colocar um "bônus" neste post, gostaria de anunciar duas "ferramentas" que criei para L5R 4ª edição. A primeira, é uma ficha traduzida, muito mal e porcamente trabalhada no Photoshop, a fim de conservar os elementos gráficos originais. Creio ser capaz de fazer algo melhor nos dias de hoje, mas a preguiça e a maldita falta de tempo me impedem. A outra é um "agilizador de criação de personagem". Na verdade, ele nada mais é do que algumas tabelas que reúnem todos os bônus de Famílias e Escolas dos Clãs Maiores, além dos custos de Vantagens e Desvantagens. Desnecessário dizer, já traduzidos. Estou certo de que isso pode causar certa confusão em alguns grupos desacostumados ao meu meio de traduzir, mas como as tabelas são apenas referenciais, creio serem de grande ajuda, mesmo que siga uma tradução não-ortodoxa de qualquer termo. De qualquer modo, creio que possa ajudar muito pelo menos os jogadores não fluentes no tão problemático idioma saxão.

Agilizador de Criação de Personagens para L5R 4ª edição

Ficha de Personagem Traduzida de L5R 4ª edição


Sem mais delongas, vamos finalmente ao Clã Dragão:

O Clã Dragão

"Conheça-te a ti mesmo, e nunca serás derrotado."

Mon do Clã Dragão

Famílias: Togashi, Tamori, Mirumoto, Kitsuki (a Família Agasha e as Ordens Hitomi e Hoshi já integraram o Clã)
  
Cores: Verde e dourado


Para muitos, o Clã Dragão é um mistério ainda a ser resolvido. E há muitas razões para pensarem assim. No começo do Império, Togashi e seus seguidores simplesmente se distanciaram do resto do mundo em suas montanhas no norte de Rokugan. E por lá ficaram, disseram eles, para buscarem compreender totalmente os ensinos do Mestre Shinsei e buscar a Iluminação com afinco digno de concorrer ao da Garça em busca da perfeição artística.

Kami Togashi, fundador do Clã Dragão

Kami Togashi sempre foi o mais distante e hermético de seus irmãos. Sempre distante em aparência e extremamente perceptivo, Togashi também compartilhava da ímpar habilidade de prever o futuro. Ele previu que Hantei venceria o Torneio dos Kamis e também tentou avisar Bayushi da futura traição de Shosuro, em que ele por sua vez se recusou a acreditar. Sua precognição foi útil em vários momentos ao Império, mas sempre lhe trouxe graves problemas. O fato de saber o futuro também o atormentava diante da certeza de sua incapacidade de alterá-lo. Assim, a previsão de desgraças lhe pesava em dobro, pois com elas também vinham a certeza de que não podia fazer nada para impedi-las.

À medida que os seguidores de Isawa buscavam aplicações mais práticas e arcanas para o Tao de Shinsei, Togashi e seus seguidores buscavam suas ramificações mais filosóficas e metafísicas, e para tal, o distanciamento do resto do Império e suas barulhentas políticas pareceu essencial.

Além de diversos monges, os seguidores mais próximos de Togashi que se juntaram a ele nesta intrépida viagem foram Mirumoto, seu guarda-costas pessoal, e Agasha, uma shugenja contemporânea a Isawa e Kuni.

Um monge tatuado da Ordem Hoshi

Para auxiliar seus discípulos em seu auto-conhecimento, Kami Togashi desenvolveu pessoalmente uma técnica que permitia que a natureza interior de seus monges fosse exteriorizada, não só pictoricamente, mas de maneira bem tangível e palpável. Togashi tatuou seus primeiros monges com seu próprio sangue divino, criando símbolos de beleza inigualável, mas que também permitiam aos monges manifestarem poderes incríveis, como cuspir fogo, tolerar temperaturas extremas, correr como o vento ou literalmente planar em pleno ar. Não surpreendentemente, eles ficaram conhecidos como "monges tatuados do Clã Dragão", ou ise-zumi, no rokugani comum. De praxe, os tatuados são facilmente identificáveis pela cabeça raspada, como todo monge, e pelas tatuagens expostas em tronco nu. É de mal gosto para um tatuado esconder suas dádivas. Porém, também é muito comum que bushis ou shugenjas do Dragão possuam tatuagens (embora não místicas), o que pode causar moderada confusão.

As Tatuagens dos monges do Dragão não são propriamente dádivas do Kami Togashi. Ele apenas revela através delas a natureza previamente existente na alma do próprio monge. Assim, espera-se que seja típico de monges mais introspectivos a tatuagem da tartaruga, enquanto monges mais belicosos possuam tatuagens como o leão, e assim por diante. Como típico dos monges de Rokugan, os tatuados do Dragão também podem usar os Kihos, "truques" que combinam impecável treinamento físico com pequena influência mágica, capazes de feitos espirituais, mentais, físicos e kármicos fantásticos.

Togashi continuou tatuando várias gerações de monges, mesmo após sua pretensa morte. Na verdade, Togashi também descobriu como transferir sua alma para outros corpos que fossem capazes de contê-la, os chamados Tamashii. Porém, ele encontrou seu fim cabal no Segundo Dia do Trovão, após um embate curto com Fu Leng reencarnado, (ex-Mirumoto) Hitomi usa a mão de obsidiana para abrir o peito do Kami encarnado em seu Campeão Togashi Yokuni e tira de lá a 13ª Escritura Negra, tornando assim o Kami Negro totalmente vulnerável no plano mortal.

Mirumoto Kei. Atual Campeã do Clã Dragão e melhor aluna
do método Nitten de kenjutsu

Com o passar dos anos e com seu pai quase certamente morto juntamente com os outros Trovões nas Terras Sombrias, Mirumoto Uso deu seguimento ao ensino do estilo nitten, a maior criação de seu pai, e reuniu anotações suas e dele no livro que leva o mesmo título de seu estilo de esgrima. Aparentemente muito controverso com A Espada, de Kakita, o que acirrou ainda mais os ânimos entre os bushis de Garça e Dragão. A característica mais evidente do estilo nitten é o uso simultâneo das duas espadas do daisho do bushi. A katana, na mão direita, mais destinada ao ataque, e a wakizashi, na esquerda, mais destinada à defesa. O uso correto dessa técnica é capaz de gerar ataques sequenciais extremamente velozes, e munir o espadachim de uma defesa intransponível e um contra-ataque certeiro e letal.

Durante os turbulentos anos que se seguiram durante a Guerra dos Clãs, Golpe do Clã Escorpião e o conseqüente Segundo Dia do Trovão, o Clã Dragão enfrentou sérias mudanças. Inicialmente, sua Segunda Trovão, Mirumoto Hitomi, parcialmente enlouquecida por ter que comportar dentro de si a loucura de Onnotangu concedida pela mão de obsidiana e toda a sabedoria do Kami Togashi ao mesmo tempo, resolve banir a Ordem de Monges Togashi e criar a Ordem Hitomi em seu lugar (o que também gerou a mudança temporária do castelo de Kyuden Togashi para Kyuden Hitomi). Formada por monges extremamente belicosos e mais "selvagens", a ordem pretendia trazer a Iluminação verdadeira ao Império, nem que para isso eles tivessem que enfiá-la à força em seus egos inchados pelo orgulho imerecido, considerando o método Togashi ineficiente demais. Hitomi usou de seu próprio sangue para conceder tatuagens místicas aos monges que quisessem seguir seu novo caminho.

Durante o tempo de Hitomi como Campeã do Clã, porém, a família Agasha, anteriormente os shugenjas do clã, se descontentaram em muito com suas ações e abusos injustificados. Assim, sua esmagadora maioria pediu asilo ao Clã Fênix, o que quase levou a relação entre esses dois Clãs à guerra aberta. Como o mais fiel seguidor de Hitomi entre os Agasha foi Agasha Tamori, os que escolheram ficar receberam o seu nome como nome da nova Família de shugenjas do Clã Dragão, os Tamori.

Quando Hitomi ascendeu aos Céus como a nova Lua, porém, ela passou a distribuir suas tatuagens aos seus discípulos através de sonhos. Vários monges seguidores do caminho de Hitomi simplesmente acordavam com novas tatuagens de uma noite para o dia, e não foi um fato isolado certas pessoas, mesmo não sendo monges, surpreendentemente acordarem com uma bênção de Lady Lua gravada em sua pele.

Posteriormente, quase que em compensação kármica às ações agressivas de Hitomi, porém, uma nova ordem de monges surgiu no Clã Dragão. Liderados por Togashi Hoshi, o Andarilho Celestial, os Hoshi ofereciam uma versão muito mais plácida e pacifista da Iluminação do Dragão. Calmos, serenos e donos de uma paz inviolável mesmo debaixo das maiores tempestades (metaforicamente ou não), os Hoshi por muito tempo integraram junto com os monges Togashi e Hitomi o que foi conhecido como as Três Ordens do Monges Tatuados do Clã Dragão.

Togashi Satsu, ex-Campeão do Clã Dragão, neto
de Togashi Yokuni (e assim do próprio Kami Togashi)
e atual Voz da Imperatriz

Apenas bem recentemente, o então Campeão do Clã Togashi Satsu reestruturou as Três Ordens de volta à Ordem Togashi. Apesar de haver muita oposição entre os daimyos Hitomi e Hoshi, o crescente distanciamento entre as ordens prejudicava o propósito original do Clã Dragão, e certamente que Hitomi e Hoshi estavam enfrentando sérios problemas espirituais para a transmissão de suas dádivas.

A Família Tamori prossegue seu legado de tornar suas magias em forma líquida, um talento único entre os mais diversos shugenjas de Rokugan. Os Tamori chamam este processo de "destilar os elementos", na prática criando poções capazes de replicar os efeitos de qualquer feitiço elemental que conheçam. Obviamente, cada frasco possui um uso variado em relação ao seu efeito pretendido. Uma explosão de fogo requer que o frasco seja jogado e quebrado, como uma granada, por exemplo; enquanto uma poção de cura deve ser ingerida para poder fazer efeito.

Um investigador Kitsuki concluindo que
"o culpado foi o mordomo!"

A mais nova Família do Clã Dragão, porém, é que mais chama a atenção no meio de um clã asceta e filosófico. Os Kitsuki descendem de Agasha Kitsuki, na época um shugenja que foi acusado de ter cometido um grave crime na Corte Imperial. Contrariando todas as expectativas, porém, Kitsuki pediu a palavra e inquiriu seus acusadores a partir de perguntas simples, mas que apontavam à conclusão lógica de que ele próprio não podia ter cometido o crime. Kitsuki foi inocentado das acusações e, como prêmio, recebeu o direito de formar sua própria Família, a quem ensinaria seu método de investigação e conclusão, empregado até hoje com sucesso nas cortes de Rokugan em que o Dragão atende. O "método Kitsuki" é tido como bastante eficiente, mas não universalmente no sistema legal de Rokugan, em que a palavra de um samurai de posição respeitável e mais bem aceita do que uma prova cabal. Contudo, todos aqueles que têm segredos guardados se preocupam quando há um Kitsuki por perto. Quando não estão investigando nenhum crime "até então sem solução", os Kitsuki atuam como diplomatas do Clã Dragão, controlando seu acesso a estrangeiros. Recentemente, a Família ganhou ainda mais evidência com sua daimyo ocupando o ilustríssimo cargo de Imperatriz. (ex-Kitsuki) Iweko iniciou a Dinastia Iweko como a Imperatriz Iweko I.

De modo geral, o Clã Dragão se mantém distante das demais políticas dos outros clãs, raramente buscando contato com o mundo fora de suas gélidas montanhas, exceto talvez em quantias significativas pelos Kitsuki. Porém, o clã também se reserva ao papel de voz neutra em muitas questões, não raras vezes soando com incomum ferocidade. Quando o conflito entre os clãs Leão e Unicórnio durante a Guerra do Sapo Rico pareceu se tornar preocupante, o então Imperador Toturi III (ex-Hantei Naseru) comandou que o Clã Dragão se interposse às duas forças, tornando o conflito entre elas inviável. Certos de que o Leão não perseguiria uma força até um terreno desfavorável, e contando que o Unicórnio também não buscaria uma retribuição nas montanhas do clã, o Dragão assim o fez. É difícil determinar a eficácia desta interrupção, mas fato é que os dois clãs sentiram graves dificuldades de continuar o conflito.

Bom, creio ser isso por hora. Praticamente qualquer assunto de L5R é bem denso e difícil de ser tratado adequadamente num volume víavel. Mas qualquer coisa, é só comentar!