9 de janeiro de 2011

L5R 4th - Resenha: "Enemies of the Empire"

Sim, sim. Ele chegou, e finalmente vou poder fazer a resenha deste livro tão esperado por aqui.

A primeira impressão que creio que não só eu tive a respeito de Enemies of the Empire era se tratar de um "Manual dos Monstros", à maneira já consagrada para D&D, e que resvalou para L5R através do Creatures of Rokugan, lançado originalmente para o Oriental Adventures. Bom, muita gente reclamou da idéia de tentar fazer D&D de samurai com L5R e acabou que o próprio formato do livro também não rendeu muitos elogios. Fato, ainda para a 3ª edição, a AEG lançou o Creatures of Rokugan 2 com a ousada promessa de retratar toda e qualquer criatura já ilustrada no card, mesmo que fosse no fundo de uma ilustração.

O tempo passa, o mercado muda, e eis que chega a 4ª edição de L5R num mercado ainda tentando se recuperar das crises. E o primeiro suplemento real para o livro básico, como era de se esperar, é um Manual dos Monstros. Não, não é um Manual dos Monstros. Tá, fala dos monstros sim, mas também de muito mais coisa. Bom, enfim...


Primeiramente, vamos julgar o livro pela capa. Ela segue o fundo do básico da 4ª edição, com um tetsubo em primeiro plano. Ao fundo, temos um kanji rabiscadão do que imagino ser "Ron" ("Guerra, desordem, revolta, perturbação"). Tudo muito bonito, e a capa mantém a qualidade do que já vimos até agora. Detalhes lustrosos, acabamento lindíssimo, que tenho achado bem contraproducente por parte dos jogos atuais por dar até pena de colocar o livro na mochila na hora de levar para jogar.

Ao que interessa. A arte de fundo do livro segue o layout de "papel de arroz + nishiki-e" que ninguém se cansa de elogiar. As ilustrações continuam sendo chupinhadas do card, o que achei meio prejudicial. Muitos "monstros" não ganharam ilustrações, mas, novamente, creio que a AEG parta do princípio de que seus jogadores têm um mísero acesso à Internet em pleno séc. XXI para procurarem-nas por aí. Mesmo assim, toda ilustração do livro parece servir a um propósito maior, para ajudar a dar o clima pretendido para cada raça exposta ali.

Uma das novidades que logo salta aos olhos no EotE é o fato de ele não tratar apenas de criaturas, bichos das Terras Sombrias, etc. O dever do livro é falar sobre os antagonistas de uma campanha típica de L5R. Conspiradores (Gozoku, Kolat e Oradores de Sangue), criaturas das Terras Sombrias (trolls, ogros, onis, goblinóides, etc.), espíritos (dos mais diversos Reinos Espirituais), as Raças Antigas (Naga, Nezumi, Zokujin, Kenku, etc.) e por aí vai.

Casal de Nagas com bijuterias.
O livro começa falando de outros animais (seres comuns mesmo) que podem ser encontrados pela fauna rokugani mas que não foram incluídos no livro básico por serem mais específicos mesmo. Muito provavelmente não faz muito sentido em colocar o grupo contra um gorila, por exemplo, mas de repente uma caça à raposa ou a um javali pode ser muito mais interessante (para quem não lembra, na primeira cena de Ran, os samurais estão caçando um javali).

Outra novidade: informação estatística é vitalmente importante. Mas o livro também se dedica a detalhar as maiores importâncias históricas de cada um dos antagonistas ao qual cada capítulo se dedica. Isso mesmo. Como começaram os Oradores de Sangue? Tá lá, no capítulo "Bloodspeakers", falando de Seppun Suru e sua "gangue de moleques nobres insatisfeitos". Todas aquelas seitas Kolats? Estão lá, no capítulo homônimo, de maneira simples e objetiva, bem como todo o andamento histórico canônico da sociedade secreta. O mesmo grau de detalhe e profundidade está presente nos capítulos das raças, dando todo um sabor especial aos Naga, Nezumi, Kenku e outros "homens-animais" de Rokugan.

Esse tempo todo assistindo "Tartarugas Ninja" e ninguém
nunca me falou que o Splinter tinha um irmão! Sacanagem...
Grifo pessoal meu para os Nagas e Nezumis, que contam com regras para tornarem-nos raças jogáveis (sei lá com que propósito) e toda uma aclimatação muito boa sobre a psique de cada raça. Também notei certa inédita intenção de fazer os Nagas mais parecidos com os Naavi de Avatar (mente coletiva ancestral, raça definhando, pureza natural, ligação com a floresta, etc.). Os Nezumis me pareceram bem "índos americanos", com um toque de inocência e saudosismo de seu passado glorioso (até aí, novidade nenhuma) bem à maneira das crianças perdidas de Mad Max. Bom, pelo menos foi o que eu achei...

E se algum jogador ainda pensava que as Terras Sombrias eram o playground do Caranguejo, vale uma passada pelos capítulos referentes. Onis de dar medo e criaturas bastante letais capazes de passarem totalmente despercebidas no ambiente das Terras Sombrias estão lá aos montes (isso inclui seres vegetais e... Lodos, muscos, insetos e até mesmo um "oni montanha"). Isso sem contar que algumas delas possuem meios totalmente próprios de serem combatidas. E há quem diga que "Lore: Shadowlands" é inútil. Ah, sim. As novas regras sobre passar muito tempo lá também vão fazer muitos jogadores mudarem de idéia quanto a passarem a noite lá para continuarem entrando naquela joça depois de descansarem. Resumidamente, eles não descansam.

A expressão "Você é grande mas não é dois" já
teve usos mais felizes...
Também temos undeads aos montes, fantasmas, seres de outros Reinos Espirituais (ancestrais, bons e maus), metamorfos, onis, novas mahos, e mais um caiau de coisa legal que realmente vale o livro. E não só de "bichos esquisitos" o livro trata. Ronins, samurais do Clã Aranha e outros antagonistas humanos estão muito bem retratados lá, inclusive com textos muito bons sugerindo como usá-los em sua aventura, seja como inimigos dos personagens dos jogadores ou como aliados.

Como não podia deixar de ser, o livro também dá uma de túnel do tempo e resgata uma das coisas que há muito tempo eu não via em livros de RPG: Tabelas de encontro aleatório. Isso mesmo! "Vocês estão andando quando de repente aparece um... [rola os dados] Texugo!" ¬¬'.

Enfim, a função do livro me pareceu bem cumprida: Fornecer plots para Mestres e em segundo plano para personagens menos habituais para jogadores. EotE é um livro para quem quer novas regras, novas opções mecânicas para monstros, onis e outros antagonistas. Mas também é um livro que abastece e muito grande parte das dúvidas que pairam sobre muitas das figuras as quais ele pretende retratar. Em suma, EotE é um livro que muitos jogadores não vão querer que seus mestres leiam.

A Muralha Kaiu. Daqui para frente a coisa é séria.

2 comentários :

  1. Já baixei o PDF e gostei, agora é só esperar juntar uma grana e comprar o livro!!!

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  2. Hayashi, estou narrando a aventura que voce traduziu, sinos dos mortos, e está sendo incrível, mas como no primeiro ato, os personagens podem acabar viajando bastante a procura de Ozaki, achei que a tabela de encontros aleatórios deste livro poderia ajudar um pouco. pena que não encontrei ela traduzida em nenhum lugar pra me ajuda =\ mas tudo bem, acho que da pra se virar mesmo assim. Quem sabe agora que lançou o L5A podem vir novos suplementos, um "Inimigos do Império" não seria nada mal. =D
    Parabéns pelo excelente trabalho realizado até agora!

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