Saudações, tímidos leitores!
Hoje, continuamos com as fictions das aberturas do capítulo do The Great Clans, e o tema abordado desta vez são os Filhos da Tempestade, os Herdeiros de Kaimetsu-Uo, os Cavaleiros da Tempestade, também conhecidos pela não menos temerosa alcunha de Grêmio Camponês Elevado a Clã Maior: O Clã Mantis!
Piadinhas à parte, devo confessar que esta é uma das melhores fictions do livro. Empolgante e bem trabalhada. Também vale ressaltar que ela aborda um assunto bem recente, que é a invasão dos Destruidores (Destroyers) que acompanhamos há pouco em Rokugan. Confesso que não foi um arco que me atraiu muito, por motivos que já mencionei aqui: Uma vilã aparecendo do nada, totalmente sem necessidade, e querendo mostrar serviço graças a uma baita forçação de barra dos roteiristas. Mesmo assim, o final surpreendente da Guerra Contra Kali-Ma ficou bem legal, e agora, de fato, começamos a entender o que o design team quis dizer com o reinado de Iweko I ter mudado para sempre a face do Império.
Sem mais delongas, com vocês, a fiction:
“Yoritomo!”
O grito de guerra é bradado em uníssono quando Yoritomo Arai e suas três dúzias de marinheiros saltam do convés da Tartaruga Mordente ao convés da estranha nave gaijin. O navio inimigo está repleto de inimigos, vivos e mortos, homens armadurados ao lado de estranhas criaturas demoníacas que o Império aprendeu a chamar de Destruidores.
O contingente Tsuruchi a bordo do Tartaruga Mordente o fez também, destruindo os remos gaijins e incapacitando seu barco. A navegadora Moshi do Tartaruga morreu, seu corpo balança com o barco subindo e descendo pelas águas tempestuosas; ela deu a vida para matar o feiticeiro a bordo do navio inimigo. Agora é hora do aço encontrar o aço.
Arai late ordens, e os marinheiros investem. Relâmpagos cruzam o céu acima, iluminando a estranhamente brilhante armadura insectoide dos Destruidores, mas o Mantis não se intimida. O relâmpago é um sinal de Osano-Wo, Fortuna do Trovão, que favorece o Mantis acima de qualquer outro clã. Arai uiva um desafio averbal e corre para frente, suas pernas automaticamente compensando o balanço do convés. Os Destruidores são menos certos de seu apoio, e Arai sente seus lábios recuarem de seus dentes num sorriso predador. Essas abominações nunca deveriam ter se aventurado em águas do Mantis. Agora ele garantirá que nenhum viverá para se arrepender do erro.
Arai ataca o demônio mais próximo quando ele ergue sua espada para um golpe alto. O convés explode e se flexiona abaixo deles quando Arai empurra o monstro paralisado e leva uma de suas sai ao seu peito, encontrando espaço entre as estranhas placas de armadura. A besta geme e estremece, suas convulsões cessam quando a lâmina da faca sai dela. Arai salta para frente sem pausa, sacando outra faca de sua bandoleira, rolando por um homem gaijin com um escudo ridiculamente grande. A faca corta por trás e arranca os tendões do homem, derrubando-o com um grito.
O convés escorrega com sangue e chuva, o ar ecoa com os sons do combate e o sibilo da tempestade. Arai pisca contra a água abundante, e avista o que deve ser o comandante gaijin. É uma entidade imensa, mais alto por duas cabeças que os outros no barco, coberto por uma brilhante armadura prateada. Uma longa capa púrpura tremula pelo vento rugidor, e sua cabeça ostenta um elmo prateado encerrado com uma crina escarlate de pelo de cavalo. Mas onde sua face deveria estar só está uma estranha negridão perfurada por dois orbes vermelho rubis. Eles brilham para Arai com um ódio além de qualquer coisa humana, além de qualquer sonho de honra ou misericórdia, um ódio que busca apenas a morte de tudo que vive.
“Você,” A coisa uiva… Ou talvez não fale, mas meramente faz as palavras de seus pensamentos. De algum modo Arai sabe que ela não está falando Rokugani, mas entende o significado claramente. “Você líder de guerreiros. Eu vejo o que você realmente é! Sua mão cairá e sua coragem morrerá!”
O demônio corre pelo longo convés do navio, ignorando a tempestade colossal, ignorando também a flecha Tsuruchi que quica de sua armadura. Seus estranhos olhos vermelhos brilham e uma súbita onda de náusea corre por Arai…
Ele é uma criança, correndo pelas ruas de Samui Kaze Toshi, o vilarejo comercial costeiro da Garça onde nasceu. É um dia que ele se lembra bem claramente, o que sempre esteve no canto de sua mente. Ele é Taro, ainda não é Arai, ainda não é um homem. Ele corre à barraca do mercado onde seu pai trabalha vendendo redes. As pedras frouxas do pavimento giram sob seus pés e ele cai, batendo nas costas de um grande samurai. Taro se encolhe, sabendo o que acontecerá e não consegue se deter. Sua mão se fecha na lâmina embainhada do samurai ao cair…
Seu pai trêmulo, os olhares raivosos nas faces dos magistrados Garças, e o Mantis calmamente puxando um fio de moedas e dando a seu pai uma pequena fortuna. “Parece que meu filho foi desastrado hoje. Quase lhe custou a vida. Sairei com ele agora para minha casa.”
Um borrão — e agora ele tem treze anos, treinando em Dojô Raiden, seus músculos doem quando ele se põe de pé limpa o sangue de sua face. O sensei sorri sem gentileza e gesticula para que ele assuma a postura de novo. No fundo da sala seu novo pai o observa com triste aprovação…
Arai sacode sua cabeça, cuspindo para limpar o gosto pastoso de vômito de sua boca. “Você acha que isso me enfraquecerá, demônio?” Ele grita. “Você acha que não sei o que eu sou? Eu sou Yoritomo Arai, filho de Yoritomo Han-Ku. Eu sou um Yoritomo, seguidor do homem-feito-Kami, e ele guia minha mão. Você não é nada!”
O demônio gaijin urra de fúria e golpeia com um par de imensas espadas curvas. Arai investe para frente, tirando impulso do balanço do convés, colocando-se entre as largas pernas do demônio, e então quicando até seus pés. As lâminas gaijin colidem do convés, e o demônio perde dois preciosos segundos liberando-as.
Arai esmaga o cabo de sua sai nas costas do pescoço da coisa, abaixo da aba curva de seu estranho capacete. Seus joelhos tremem e Arai puxa a crina de cavalo do elmo, expondo a garganta.
No instante seguinte o colosso blindado desaba no convés, a cabeça dentro do elmo se desfazendo em nada.
A batalha termina momentos depois, os Destruidores restantes e seus servos humanos ficam cada vez menos eficazes sem seu líder monstruoso. Surgem gritos, os Mantis brandindo suas armas, batendo nos ombros uns dos outros. Dois homens erguem Arai em seus ombros, rindo ruidosamente enquanto o navio balança de novo ele agarra em seus rabos de cavalo por equilíbrio.
As vozes dos Filhos da Tempestade ecoam pelas ondas, e talvez até mesmo a deusa negra que lidera esses demônios as ouça, e por apenas um instante, treme.
“YORITOMO!”
Eu gostaria que os gaijins aparecessem mais em L5R.
ResponderExcluirTudo bem que é uma ambientação de samurais, mas eles não podem existir num vácuo não?
Contanto q o façam decentemente, eu acharia legal. O LBS eu acho q peca no mesmo ponto q 7th Sea: Falta unidade no cenário. Mas pelo menos em LBS não há um "Império" feito de coisas q parecem mais se repelir do q se unirem. São territórios até q bem independentes entre si, mas q acho q, qdo colocados "juntos" acabam virando uma colcha de retalhos estranha.
ResponderExcluirFato, gaijins em L5R são algo bem desnecessário. O cenário se encaminha muito bem sem eles, mas é algo com um potencial bem forte.
Sobre Rokugan viver no vácuo, pode até ser algo q faça falta, mas nunca vi ninguém sentir falta de cultura oriental em Westeros, indiana no mundo de Warcraft ou africana em 7th Sea, por exemplo.