28 de novembro de 2011

As Crônicas das Terras Longínquas: O Excelso Príncipe Dourado


Olás em área!

Bom, em primeiro lugar, peço desculpas pelo abandono ao blog. Mas, como em todo final de ano, um monte de coisas se acumulam sobre mim, e costuma demorar um pouco até eu me livrar da maioria. Mesmo assim, ainda continuo com algumas ideias legais de coisas para postar aqui, e espero conseguir mandá-las aqui assim que for possível.

Só para dizer que as Terras Longínquas não foram de vez para o buraco, hoje eu levo a vocês um post um pouco diferencial. De modo geral, as Crônicas sempre foram textos mais dentro do cenário. Eram contos propriamente ditos, com uma atmosfera mais literária, mas que de uma forma ou de outra, sempre visavam ser até mesmo mais bem acabados para gerar aquela atmosfera tipicalmente formal das escritas de fantasia medieval. Hoje, temos um momentos diferente. Este conto não é tão "bonito" assim. Embora eu tenha pensado realmente em fazê-lo como outro trecho do livro de Memórias dos Príncipes Negros do Códice Negro de Charchadrax. Mas por motivos de urgência, desânimo e experimentação, espero que dê tudo certo e que as Terras Longínquas cresçam cada vez mais entre nós!


Algumas décadas depois dos confrontos demoníacos da Primeira Guerra, os Reinos se reconstruíam cada um à sua maneira, e em diferentes escalas. As florestas de Ladérsia demorariam ainda muito tempo para recuperar sua verdejante glória selvagem. Os Reinos humanos do Centro cresciam em poder político, à medida que cada vez mais novas políticas e legislações eram necessárias para reger a reconstrução das regiões mais próximas aos seus Reinos. O fato de Miriã também ter estabelecido a Casa Hexar como Reis sobre os Reis, e do principal culto à Salvadora dos Reinos também estar ligada ao Reino de Hexar também ajudou bastante na expansão política e religiosa. Os anões de Al-Harzik se recolheram nos seus corredores de pedra e aço, e pareciam só olhar para o Norte. Cada vez mais obcecados em destroçar as hostes de Charchadrax. Contudo, o relevo, clima e a crescente densidade do poder do Dragão Caído logo impossibilitou avanços além de um determinado ponto. Ali, foi estabelecida a Fronteira, marcada pelas Treze Torres, que vigiariam para sempre os avanços das forças demoníacas sobre os Reinos. Elas seriam interligadas por túneis subterrâneos, e entrariam para a história como o maior feito de engenharia dos Reinos.

Porém, como o Reino mais distante de tudo isso, os filhos de Algaran, os eladrins dos Reinos do Sul de Mirandel, mesmo não precisando, resolveram ajudar aos seus primos. Magos engenheiros eladrins foram enviados para acelerar as reconstruções das mais diversas estruturas em todos os Reinos. De vilas a palácios, sem distinção. Patrulhas draconatas foram enviadas para repor e treinar ou serem treinadas juntos com outros exércitos. Mas isso ainda parecia não ser o bastante. Foi neste cenário que surge na história dos Reinos um Príncipe como nenhum outro.

Da linhagem direta do Alto Rei Mirange I, Sagariel Mirange, foi sem dúvida o Príncipe mais idolatrado de sua época. Dono de um porte incomumente forte, porém elegante, bem como de um longo cabelo rubro como o pôr do sol que chegava à cintura, Sagariel logo ganhou alcunhas como o "Príncipe Brilhante", "O Belo", ou "Fulgor de Alragor". Seus talentos, porém, não se limitavam à beleza. Lendas sobre o Príncipe Excelso contam que ele já conversava como igual com os sacerdotes de Miriã sobre os Escritos Sagrados aos doze anos. Aos quinze, venceu o torneio de esgrima de Mirandel com seu florete (mesmo competindo contra capitães que lutaram na Primeira Guerra). E também era ávido estudante de magia, escultor, arquiteto, engenheiro, calígrafo, ourives e cavaleiro. Orgulho de toda Mirandel, Sagariel ainda era humilde, para reconhecer que tudo aquilo que fazia em seu Reino não era suficiente. Ele queria ajudar os todos os outros reinos irmãos de Mirandel.

Mesmo contra os protestos de seu pai, que o via como um herdeiro que se tornaria uma rei ainda mais lendário, Sagariel se pôs a viajar pelos outros Reinos. Ele lutou contra bandidos das Terras Altas, enfrentou as temíveis feras de Ladérsia, e projetou novos dispositivos náuticos que revolucionaram as Ilhas do Oeste. Tudo isso, deixando uma trilha de donzelas suspirantes e histórias sobre lutas épicas ao lado dos mais diversos tipos de aliados. Desde nobres cavaleiros juramentados a camponeses desesperados, todos pareciam depositar tanta fé em Sagariel que ele mais parecia uma providência da própria Miriã do que propriamente um mero príncipe eladrin. Contudo, isso ainda não agradava Sagariel o bastante. Canções de bardos diziam que ele sentia falta de alguma amada que deixara em Mirandel. Outras, que ele se via casado com a coroa de seu pai, e por isso não se permitia um só momento de descontração na missão de encontrar algo que realmente tornassem os outros Reinos algo da medida que ansiava. Em seu coração, porém, pesava o sombrio sentimento de em nada se sentir de fato desafiado.

Como etapa final de sua jornada, Sagariel foi para o gélido Reino de Al-Harzik, lar dos anões, senhores do aço e da forja. Ainda obcecados pela idéia de destruir o Deus Dragão Caído, os senhores dos anões riram do porte do tão lendário príncipe eladrin, esbelto demais para qualquer coisa que se assemelhasse a um guerreiro. Que diga-se de passagem, entrava em total negação a tudo apresentado no salão de pedra estampado de armas, e cuja corte acumulava cicatrizes de batalha e camadas de aço denso e cortante. "Se quer nos ajudar, ou nos tornar melhores do que já somos, príncipe eladrin," sugeriu-lhe o Rei da Casa Jerhan, com desdenhosa ênfase nas últimas palavras. "Apresente-nos algo que possa vir a ser útil para manter o seu reino seguro dos terrores que enfrentamos."

Sagariel então sugeriu que poderia projetar novas armas de cerco, com conhecimentos da magia eladrin para suprir ainda mais as defesas da Fronteira. Mas foi negado. O próprio rei não desrespeitaria tanto assim seus próprios engenheiros e magos. Talvez levado pelo vinho, mas fato é que o Rei Jerhan sugeriu então que o tão altivo e elegante eladrin se provasse como digno de atenção contra as feras além da Fronteira. Isso silenciou o salão. Pois, por expresso decreto real deste mesmo rei, ninguém exceto um Krordeneisen poderia ultrapassar a Fronteira.

Neste ponto, me convém explicar o que é um Krordeneisen. Esta é uma tradição que se origina com os primeiros reis da época do final da Primeira Guerra. Como forma de manter a contínua evolução de engenharia militar e tradição guerreira da nobreza de Al-Harzik, toda Casa real deveria escolher os filhos da nobreza para portar o título de Krordeneisen (a tradução literal do termo seria algo próximo de "Aço dos Reis"). Este, deveria representar sua casa como guerreiro mais capaz de sua geração. Os engenheiros da Casa deveriam então fornecer-lhe os mais avançados equipamentos para competir no torneio de Kordsverd ("Espada do Rei", tradução aproximada). O vencedor seria o melhor de todos os Krordeneisen, além de considerado o melhor guerreiro da nobreza anã, passaria a ser equipado também pelos engenheiros reais. Com o tempo, os Krordeneisen passaram a se tornar verdadeiras montanhas de armaduras pesadas, e mestres no manejo de armas descomunais, pois sua utilidade secundária passou a ser também obter glórias para a casa em batalhas na Fronteira.

O problema disso tudo era a impossibilidade de se tornar um Krordeneisen. Sagariel deveria ter nascido anão. E nobre, para talvez ter chance de conseguir o título. Assim, para não contradizer seu edito anterior, o rei Jerhan criou um novo edito: Que se alguém, nobre de qualquer Casa dos Reinos, vencer um Krordeneisen, este será considerado Krordeneisen em seu lugar. O edito soou na verdade como uma piada para o salão dos Jerhan. Era impossível qualquer outro nobre não-anão vencer um Krordeneisen devidamente equipado. Mesmo sem saber muito o que fazer, Sagariel aceitou o suposto desafio, aceitando lutar contra um Krordeneisen, mesmo sem ter idéia do que isso significava. Jerhan achou a idéia tão engraçada que resolveu indicar um Krordeneisen de uma Casa menor de seu reino (o próprio rei poderia ter respondido ao desafio, mas achou que seria covardia. Ele mesmo já havia ganho cinco Kordsverds em sua juventude, quando foi proibido de competir de novo).

Sagariel só tinha por equipamento de combate seu leal florete. O que era quase uma afronta ao gigante de aço forjado e reluzente à sua frente. Zombarias da platéia insistiam para que tirassem o "alfaiate que segurava um alfinete" da arena. Num torneio de Kordsverd, a luta deve prosseguir normalmente, até que um golpe soe decisivo. O primeiro que conseguir três golpes decisivos sobre o adversário é eleito vencedor. Contudo, nenhum golpe deve ferir excessivamente o adversário. Caso isto ocorra, este competidor é eliminado. O que torna tudo mais emocionante é que o termo "ferimento excessivo" ou "golpe decisivo" variam bastante de um juiz para outro.

Ainda assim, Sagariel esgueirava-se entre martelo e machado de seu inimigo, ele facilmente refreou seu florete em olho, pescoço e encerrou cortando as amarras da armadura de seu adversário, preparando um golpe letal entre esquivas que mais pareciam dança do que luta. Foi quando a luta foi interrompida pelo pai de seu competidor. Ele argumentou ao ouvido do rei Jerhan que poupasse a armadura de sua Casa sofresse ainda mais danos. Assustado pela situação, e pelo pedido do nobre, o Rei concedeu o título de Krordeneisen da Casa Jyordah a Sagariel.

Assim, ele obteve permissão para se aventurar nas Terras de Geada Eterna. De onde nunca mais voltou. Rumores dizem que ele foi devorado pela primeira besta que encontrou por lá. Outros, que ele encontrou com Charchadrax em pessoa. O Códice Negro dá mais ênfase a esta segunda vertente. Segundo ele, Sagariel chegou à caverna de Charchadrax ferido e encharcado do sangue de demônios e mortos-vivos, mas diante do Deus Dragão Caído, este o pede que olhe para trás, e veja tudo o que construiu. De fato, agora ele conseguiu o que tanto queria. Os Reinos haviam se tornado grandes e fortes pelas suas obras. Em pouco mais tempo eles aprenderiam tudo o que o Príncipe Dourado fez por eles. Então, finalmente, Sagariel sorriu. Finalmente ele encontrou o que lhe faltava: Um adversário digno.

E Charchadrax o fez seu Príncipe e Profeta.

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Gente, me desculpa pelo longo post. Acho que deveria tê-lo dividido até. Mas acho que é uma idéia completa que não ficaria legal dividida.

Até a próxima.

6 comentários :

  1. Com licença, noob de L5R aqui, pra falar que seu blog é um bendito milagre... Comecei a me interessar pelo sistema faz pouco tempo, e enquanto rodava pela net procurando por material do sistema, esbarrei nesse blog. RSS Instantâneo. Mas agora tenho umas perguntas, não necessariamente sobre o sistema:

    1º - Você pretende fazer um pack com as aventuras? Tá certo que tem as tags, mas não custa perguntar...

    2º - Pelo que vi no RRPG (uso faz quase um ano) aquele projeto seu de L5R dançou, não é? Só achei umas mesas, mas somem e aparecem quase como um eclipse...

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  2. Volte sempre q precisar, Lukz.

    1º - Não, não. Até agora não planejo nada do tipo. Mas a idéia não é má.

    2º - Pois é. O RRPG vive sumindo com as mesas de L5R. Eu, por hora, ando meio desanimado com o programa em si e até mesmo com L5R. Mas isso deve mudar em breve.

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  3. Ficou ótimo, são muito legais essas histórias dos escolhidos de Charchadrax. Você realmente escreve muito bem, nobre Hayashi. O post pode até ter ficado longo, mas foi rápido de ler!

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  4. Nossa, q bom então, Astreya.

    Para mim são muito importante essas informações e informações de quem está de fora do processo de produção. Como vc, além de ávida leitora do gênero e neutra na questão, seus elogios são duplamente valiosos. Confesso q escrevi o conto com um pouco de pressa, o q deve ter feito o texto ficar mais leve e rápido de ler. Ainda tenho muita coisa encaixotada a respeito das Terras Longínquas, mas espero poder acabar com os Príncipes Negros assim q possível, e poder finalmente falar do lado "iluminado" dos Quatro Reinos.

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  5. Mas ficou muito bom mesmo! Entendo como é importante ter um feedback de fora quando se escreve, porque nós mesmos não temos uma noção "neutra" dos próprios escritos. Fico feliz em ajudar, e estou esperando os próximos Príncipes Negros e o lado iluminado também!

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  6. Na verdade, faltam "apenas" 3. Embora eu só tenha pensado em apenas 2 até agora.

    Não sei se notaram, mas cada Príncipe Negro descende de uma das raças criadas pelos irmãos de Charchadrax. Até agora temos Zora de Sarel (elfa) e Sagariel de Mirange (eladrin). Ainda tenho minhas dúvidas qto à proposta de um Príncipe Negro draconato, já q eles próprios não teriam príncipes ou reis (eles obedecem os reis eladrins, pois tb estão, em sua maioria, em Mirandel), e nem descendem de algum deus dragão em especial.

    Ou seja, os Príncipes (na verdade, ainda há mais uma Princesa além de Zora de Sarel) Negros humano e anão estão engatilhados. Algum palpite de como eles serão? XD Agora chega de ficar dando palinhas antes q eu acabe revelando demais.

    PS.: Não sei se mais alguém notou a discrepância histórica entre o conto de Sagariel e o de Zora. Ainda não sei se deixo isso como proposital, reescrevo o conto de Sagariel pra antes da Primeira Guerra, ou altero o de Zora pra depois do de Sagariel (o q requeriria uma restruturação total do plot da Primeira Guerra tb).

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