Hoje, para variar, temos MAAAIS fictions do The Great Clans. E se da última vez tivemos a luminosa e resplendorosa Fênix, hoje temos o sombrio e nefasto Escorpiããããão... (leia isso com voz de vilão. Sério. Fica muito mais legal)
O capítulo em si é bem legal, com grifo meu para a parte que fala sobre ninjas, que não são necessariamente shinobis. Também para a Escola adicional, que fez muita falta, mas que volta com força total agora: A Escola de Atores Shosuro (que agora permite que você crie um "personagem" já no Rank 1).
A fiction em si é até bem longa (mais que a da Fênix, pelo menos), e nela temos o episódio fatídico que deixou o nome de Bayushi Ogoe registrado na história de Rokugan. Para quem por acaso pode ficar boiando ao lê-la, deixei alguns esclarecimentos no PS. Obviamente, depois da fiction propriamente dita, para evitar algum spoiler.
Bayushi Ogoe descansou a mão na Espada Ancestral chamada Itsuwari. Ela descansa num apoio de espadas na câmara alta de Kyuden Bayushi, a bainha de madeira lacada aquecida pelo sol brilhando pelas janelas abertas. O toque da antiga arma é confortante, e acalma a fraca pressão da canção bem abaixo do castelo, a canção de outra lâmina menos leal. Ele a ouve pois é o Campeão, assim como cada Campeão antes dele por três séculos ouviu.
Ele suspira. O chamado da Espada de Sangue é a menor de suas preocupações. Há exigências mais imediatas de sua atenção.
Como o Leão além das Montanhas Seikitsu. Ele pode ver os picos ao longe, aquecidos pelo mesmo sol. Os relatórios de seus espiões falam de uma força do Leão se reunindo do outro lado do Estreito Beiden. Não é um exército grande — ainda — mas está crescendo. Logo ele marchará para o sul, pelo Estreito Beiden e às terras do Escorpião. É claro que o Estreito é um ponto vantajoso, pode ser possível contê-los…
Mas Ogoe se vira e olha para o sul para outra janela, em direção às terras do Caranguejo. Um exército se reúne lá também, este ruma ao norte. Se ele bloquear o Leão, não haverá nada para conter o Caranguejo. E se decidir confrontar o Caranguejo, o Leão terá uma passagem aberta…
Um suave arranhar na porta. Ogoe fecha seus olhos por um momento e diz, “Entre.”
Passos firmes atrás dele, então o ruído da seda, e o som seco de joelhos no piso polido.
Ogoe sorri. “Você nunca será um shinobi, Tosazu-san.”
“Não desejo ser um shinobi, Bayushi Ogoe-sama.”
Ogoe se vira. Bayushi Tosazu, seu mais capaz general, suas sobrancelhas. “A menos,” ele continua, “que seja por isso que me chamou aqui, Campeão-sama… Para ordenar-me que me torne um shinobi. Obedecerei, é claro, embora tema que minha carreira seria breve e humilhante.”
O sorriso de Ogoe some. Ele gesticula para que Tosazu se levante. “Não, meu amigo. Eu o convoquei aqui porque temos um problema. Um sério.”
Tosazu se curva. “Como posso ajudar, Ogoe-sama?”
Ogoe franze levemente. Ele sabe exatamente o que quer de Tosazu; ele poderia simplesmente ordená-lo. Mas ele respeita demais seu general para exigir simples obediência do que está para pedir.
“Como você descreveria as fortunas do Escorpião no presente, Tosazu-san?” Ele pergunta.
Tosazu pisca. “Eu… Diria que nossas fortunas são boas, Ogoe-sama.”
“Não,” diz Ogoe, mexendo sua cabeça. “Elas não estão boas. Estão excelentes.”
Tosazu assente, mas não diz nada.
“Ascendemos nas cortes,” continuou Ogoe. “Mesmo a Garça inveja as alianças que forjamos, o poder político e burocrático que acumulamos, os favores que possuímos. Economicamente, estamos até melhores. A colheita de arroz deste ano é a melhor registrada, tanto que temos… Um vergonhoso excesso, basta dizer, mesmo depois dos impostos. Militarmente, nossas forças são fortes e organizadas. E, acima de tudo, estamos em todo lugar.” Ogoe olha de volta para a janela. “Olhe por tempo o bastante para qualquer direção e eventualmente verá um agente do Escorpião. Estamos em toda corte, todo ponto de encontro… Praticamente todo leito.”
“Você está correto, é claro, Campeão-sama.” Diz Tosazu. “Nossa posição no Império é excelente.”
“E este, Tosazu-san, é nosso problema.”
Tosazu inclinou um pouco sua cabeça. “Minhas desculpas, mas não entendo, Ogoe-sama.”
“O Escorpião não deve ser ascendente. Nosso lugar não é nas luzes brilhantes no centro do palco. Devemos estar nas alas, nas sombras, fazendo o que deve ser feito para encenar a peça, fazendo coisas que o público não deve ver.” Ogoe aponta para sua mesa e os manuscritos empilhados nela. “Você leu os relatórios, não? O Leão e o Caranguejo se aglomeram, enquanto a Garça intensifica seus esforços nas cortes e mercados. Estamos cercados por todos os lados, por forças que não podemos superar definitivamente. E se isto não basta, há esses… Unicórnios.”
A face de Tosazu clareia e ele assente forçosamente. “Hai, Ogoe-sama. Estive esperando para falar convosco sobre isto. Estive estudando este Clã Unicórnio e o que nossos agentes entre eles descobriram. Considero difícil acreditar que eles e o antigo Ki-Rin sejam um e o mesmo. Por todos os registros, os Ki-Rin eram samurais honrados, não bárbaros incultos como esses Unicórnio. Você sabe que, quando um de nossos agentes tentou iniciar uma chantagem, esses brutos gaijins sujos o executaram? Eles disseram que ele excedeu os limites da hospitalidade.” A voz do general oculta o nojo que sente por tal violação de convenção.
Ogoe bate sua palma nas costas de sua mão. “Ki-Rin ou Unicórnio, eles estão aqui, ocupando terras na nossa fronteira ocidental.”
Tosazu se curva em desculpas. “Sim, Ogoe-sama. Como eu disse, os estive estudando, particularmente em sua abordagem da guerra. Eles fazem uso extensivo da cavalaria, o que lhes dá certa vantagem. Mas também abarca certa vulnerabilidade. Caso entremos em batalha com eles-”
Ogoe ergueu uma mão. “Batalharemos com eles, Tosazu-sama. É por isto que o convoquei aqui.”
Tosazu sorri. “Oh. Entendo. Bem, precisaremos de tempo para preparar as táticas necessárias, treinar nossas tropas, manufaturar e equipar lanças longas para derrotar as investidas de suas cavalarias, mas—”
“Não.”
Tosazu se assusta. “Ogoe-sama?”
“Não quero que derrote as investidas de suas cavalarias,” diz Ogoe. “Nem quero que os derrote.” Ogoe olhou nos olhos de seu general. “Tosazu-san, preciso que reúna seus exércitos. Estamos indo à guerra com esses Unicórnio. E preciso que você perca.”
Tosazu continuou olhando.
“Não meramente perca, Tosazu-san,” continuou Ogoe. “Preciso que perca feio. Preciso que nosso clã seja humilhado por esses Unicórnios… Esses incultos bárbaros. Preciso que o resto do Império nos considere fracos, todos bufões tolos, nos subestimem e direcionem suas atenções para qualquer outro lugar. Então podemos retornar às sombras em volta do palco, onde pertencemos.” Outra pausa. “Você entende o que estou pedindo a você, Tosazu-san?”
O outro homem assentiu. Em seus olhos, Ogoe pode ver que ele de fato entende. Responsável por uma humilhante derrota, Tosazu não terá escolha senão oferecer o seppuku para limpar a honra de sua família.
A voz de Tosazu é calma. “Com sua permissão, Bayushi Ogoe-sama, devo preparar o exército. Esperarei seu comando para marchar.”
Ogoe assentiu. “Domo arigato, Tosazu-san.”
Tosazu se curva profundamente e sai.
Quando ele vai, Ogoe ouve por um momento. A canção da Espada de Sangue diminui, e ele sorri levemente para si e toma Itsuwari de onde repousa ao sol. Ele pode devolvê-la ao cofre onde é guardada.
Ele não precisará de uma espada tão cedo.
PS.: Para quem por acaso ficar boiando em alguma coisa, as Espadas de Sangue (Bloodswords) foram quatro espadas criadas pelo Orador de Sangue (ex-Asahina) Yajinden. Cada uma delas representa uma "ruína" diferente, e foram enviadas para 4 Campeões vitimados pela sua respectiva maldição: Leão (Orgulho), Caranguejo (Julgamento), Garça (Paixão) e Escorpião (Ambição). Os 3 primeiros tiveram seus Campeões encontrado finais trágicos. Apenas os Campeões do Escorpião foram sábios em não usarem a Espada de Sangue.
Até que veio um tal de Bayushi Shoju e...
Essa história é muito boa. Parabéns pela tradução.
ResponderExcluirCada vez mais o Escorpião se torna meu clan favorito.
O Escorpião é meu clã favorito.
ResponderExcluirE essa fiction relata bem uma de suas principais caracteristica: não se precisa de honra para servir ao império (mesmo que o império não saiba o que é bom pra ele).
Excelente tradução Hayashi!!!
Ótima tradução Hayashi, assim como as anteriores.
ResponderExcluirMas vou deixar aqui um pedido:
Assim como fez com a aventura "Lagado do Desastre" você podia deixar aqui no blog uma tradução das regras para duelos de Iaijutsu da 4 ed... Eu ando meio confuso com elas pois meu ingl~e não é tão bom. Tenho a 4 ed e o emeraldo empire da 4 ed. Sua ajuda seria providencial.
Grande abraço!
O trecho q fala sobre duelos é um dos mais criticados do básico da 4ª edição. Entre outros motivos, pq na mesma página há a contradição se o Strike ocorre no primeiro turno (ação do mais lento) ou no TERCEIRO. O Carman já adiantou nos fóruns da AEG q originalmente, rola no 3º. Eu discordo totalmente dessa decisão.
ResponderExcluirBasicamente tudo o q fizeram foi ter juntado todas aquelas fases de duelo numa só rolagem de Focus. Quem conseguir uma rolagem maior por mais do q 5, "Strika" primeiro. Caso não, há o Kharmic Strike, e os dois "Strikam" ao mesmo tempo. Fora isso, duelo nem é lá tão complicado.
Não estou com as regras aqui no momento, mas de memória, não é algo mais complicado do q isso.
Obrigado Hayashi! Vou reler novamente e tentar entender desta vez...
ResponderExcluirTalvez valha a pena montar um "script" de como funciona o duelo nesta edição, estou com uma mesa de jogo e cada um interpreta de uma forma e normalmente usamos os seus post tanto aqui quanto na comunidade lá do orkut para decidir de forma mais "democratica" as nossas dúvidas.
Bom fica a sugestão!