Saudações, sapientíssimos leitores!
Finalmente, as fictions do The Great Clans estão acabando, e hoje ficamos com a que abre o capítulo do estranho, colorido e cavalarestico Unicórnio.
Falar sobre e criar coisas novas em termos mecânicos para o Unicórnio parece ser algo difícil, que a própria AEG decepcionou bastante neste capítulo, ao meu ver. Confesso que esperava algo como a Infantaria Utaku (formada pelos homens da Família, que não podem montar os lendários corcéis reservados às Damas Guerreiras), mas o que tivemos foi uma Escola direcionada ao combate às Terras Sombrias, uma Escola de cortesão/negociador que mais parece um investidor da bolsa de valores, e um Path para Moto Fanático.
Não que seja ruim, mas esperava mais...
Hoje certamente será registrado como um dos dias mais gloriosos da história do Clã Unicórnio.
Os rumores circularam por um tempo, mas só há alguns dias eles se confirmaram: Lady Shinjo retornou como prometera a vários anos atrás. Celebrações irromperam por todas as províncias do Unicórnio, alheias às notícias ruins de todo o resto de Rokugan.
Moto Toburo não podia evitar em sentir a mesma alegria que seus primos Shinjo. Ele é um Moto, a história de sua família é manchada por trevas, sua própria estatura é austera e sorumbática como grande parte de sua linhagem. Mas neste dia ele viu homens crescidos, homens que conheceu e ao lado dos quais trabalhou por anos, chorando de alegria.
Toburo se sente orgulhoso, também, em ser honrado guardando a câmara de audiência de Shinjo Shono. Ele está substituindo um dos maiores oficiais Shinjo, um homem que Toburo respeitava grandemente. Quando o homem pediu em particular para que Toburo cobrisse seu dever por aquele dia, o jovem Moto ficou atônito; a honra era muito grande, e ele não podia compreender porque o homem mais velho não desejava estar pronto para testemunhar o retorno da própria Lady Shinjo. Mas é claro que Toburo concordou. Como ele poderia negar um superior honrado? Como ele poderia deixar passar a chance de ver a abençoada Lady Shinjo em pessoa?
A Lady chegou.
É algo além de qualquer coisa que Toburo imaginara. Ela é radiante, claramente divina, além de qualquer coisa que ele pudesse acreditar ser possível. Ela é tudo o que ele sonhou e muito mais. Sua presença na corte parece ofuscar a de muitos no lugar. Toburo fica tão estupefato de início que não pode compreender o que ela realmente está dizendo. As palavras simplesmente não se registram em sua mente. O governador-sama é um traidor? Deve ser alguma forma de humor divino que ele é simplesmente jovem demais para entender.
Então ela corta o homem ao meio com um golpe tão rápido que ele não consegue ver a lâmina.
“Minha família é uma desgraça,” grita Lady Shinjo, lágrimas divinas descendo-lhes a face, brilhantes como o fogo. “Muitos deles, traidores e blasfemos. Não tolerarei isto. Não tolerarei!” Ela corta outro homem, um dos capitães seniores da guarda do castelo. “Meu nome não será carregado por criminosos e subversivos!”
Então ela aponta — não para os Shinjo, mas aos poucos Moto que estão na sala. Um a um, ela aponta para eles. Finalmente, ela olha para Toburo, e ele sente algo no fundo de seu peito se apertar violentamente.
A voz da Kami soa como um grande sino. “Os de vocês que são de sangue Moto, sigam-me. Temos muito o que fazer.”
* * *
O vento que sopra pelas planícies é mais do que frio. Talvez seja o primeiro vento real do inverno, e ele corta os ossos como se carregasse uma espada que o olho não pode ver. Armadura e pelos mal parecem importar.
Moto Toburo não é mais um jovem. Ele sente o vento afiado, e mais auspiciosamente ele sente uma incrivelmente familiar resposta de suas juntas. É uma sensação incômoda, algo que ele veio a temer como o prenúncio de uma dor maior. Houve unguentos e ervas para ajudá-lo com a dor, mas sempre havia um pequeno ponto dela; cavalgar nas planícies abertas durante o inverno não deixava tempo para tais tratamentos, e em qualquer caso a dor simplesmente voltaria amanhã.
“Você acha que é verdade?” Perguntou o jovem cavalgando à direita de Toburo. O velho Moto olha para ele, notando que ele é provavelmente apenas dois anos mais velho do que Toburo quando ele cavalgou ao lado de Shinjo tantos anos atrás. Agora ele parece pouco mais do que uma criança. Toburo não conseguia se lembrar do seu nome.
“O que eu acho que é verdade?” Perguntou Toburo irritadamente.
“Os rumores,” persiste o jovem. “Eles dizem que o Khan nos marchará à guerra com o Leão durante a calada do inverno. Eles não esperarão por isto, dizem. Eles não serão capazes de suportar tal marcha, não com o Khan à sua frente.”
“O Khan fará como ele quiser e pouco importa se eu acho dos rumores dos seus planos são verdadeiros ou não,” Grunhe Toburo. “A Lady Shinjo colocou um Moto à frente do Clã Unicórnio, e o Khan é o senhor dos Moto. Nós servimos. Não interessa para que.”
“Marchar no inverno, porém,” continuou o jovem, “Tal coisa nunca foi feita. Temo pelo bem estar de nossos corcéis.”
A isto Toburo se vê rindo um pouco. Seu camarada pode ser jovem, mas as prioridades do garoto estavam pelo menos parcialmente em ordem. “Somos o Khol, garoto,” ele diz, apontando para o ombro do menino e o símbolo que marca o maior dos três exércitos do Unicórnio. “Fazemos guerra. Que o Baraunghar se preocupe com coisas assim. Eles não nos decepcionarão.”
“Eu suponho.” Pensa o garoto. “Dizem que o Khan se encontrará com o Khol à primeira luz de amanhã. Suponho que rumores pouco importem afinal.”
“Você não está ouvindo,” diz Toburo afiadamente. “Rumores não importam agora. Eles não importam nunca. Eles são insignificantes.” Apesar do seu tom, apesar de suas certezas, Toburo sente o peso do destino nos seus ombros. É uma sensação que ele só teve uma vez. Há muitos anos.
Amanhã certamente será um dos mais gloriosos dias da história do Clã Unicórnio.
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