2 de novembro de 2011

L5R 4th: Fictions de "The Great Clans" 5 (Leão)

Saudações, leitores rokuganis.

Hoje, acrescentamos mais uma etapa nas traduções das fictions de abertura dos capítulos do The Great Clans. E finalmente chega a vez na ordem alfabética da Mão Direita do Imperador. O poderoso Clã Leão é apresentado nesta pequena fiction com uma participação de ponta de um dos melhores e mais legais personagens do Clã em toda a sua história.

Honra, Dever, Coragem e, claro, uma luta épica para nosso deleite!

PS.: Confiram também as várias notícias que a AEG tem preparado para a nova edição: Emperor Edition. Entre várias coisas que ainda hão de vir, já falaram de um banco de dados para busca de cartas e construção de decks no mínimo animador. Vale a pena dar uma lida.


Seu sempai sempre fora um jovem pálido, quase raquítico — a compleição de uma alma fraca, de uma folha que cairia ao mais leve dos ventos. Ele tinha cabelo levemente tingido de dourado e um tipo de postura distante, como se estivesse sempre olhando para algo que os outros não podiam ver. Seus primos entre os Akodo e Matsu, sua parenta Matsu Tsuko, sempre tinha músculos saltados, mas ela nunca os viu nele.

Hoje ele estava sentado longe dela, olhos focados enquanto ele encarava o tabuleiro de go. Ela olhou dele para a janela, casualmente imaginando se ele era realmente um Leão afinal. Certamente Tsuko não pensava assim. Ela já o chamou de…

“Sua atenção está vazando,” ele murmurou. Um leve sorriso de conhecimento tocou os seus lábios. “Você não pode se permitir fazer isto. Muito é esperado de você, Tsanuri-chan. Perder a concentração num momento crítico não servirá bem ao seu senhor, servirá?”

Ikoma Tsanuri suprimiu o impulso de corar, envergonhada por ele ter flagrado sua mente divagando. “Não é este um jogo de raciocínio, sempai? Às vezes precisamos pensar em vários níveis para atingir a vitória.”

“Precisamos. Mas a mente pode se tornar muito inquisitiva, tanto que ela perde a visão de seu propósito,” ele respondeu suavemente, seu sorriso cresceu um pouco. “Diga-me, Tsanuri-chan, qual é o nosso propósito?”

“Servir,” ela disse sem hesitação. Foi uma resposta decorada, mas verdadeira mesmo assim.

“Bom,” ele assentiu. Uma mão se move para baixo, colocando uma pedra numa posição que a fez se contorcer quase visivelmente. Ele avançou profundamente ao seu território nos últimos movimentos, e seus contra-ataques não o impediram. “Somos samurais, o servos e espadas de nosso senhores. Não cabe a nós questionar nossa tarefa, mas a fazemos; fazemos com diligência, dignidade e honra. E se morrermos, morremos ouvindo a canção dos ancestrais, morremos com o orgulho de saber que somos servos de nossos senhores até o fim.”

Ikoma Tsanuri curvou-se sobre o tabuleiro. “Resigno,” ela disse, e começou a pegar as pedras polidas. Ela encarou seu sempai com uma expressão incerta. “A canção de nossos ancestrais… Você já a ouviu, Toturi-sempai?”

O fraco e pálido homem sorriu. “Eu a ouço… Todos os dias.”


* * *

Ano 1133, Terras Sombrias, na estrada para Volturnum:
É estranho, Ikoma Tsanuri reflete, que tipos de coisas você se lembra quando está prestes a morrer.
A paisagem é um pesadelo saído do Jigoku. A terra se recusa a parar, e até as árvores atacam seus homens. Akuma no Oni liberou onda atrás de onda de monstruosidades contra suas tropas, mas eles ainda resistem. Eles têm resistido e lutado aqui às beiras do pesadelo por… Dias, pelo menos. O tempo voava em confusão, e até mesmo o nascer e pôr do sol não podia ser considerado neste lugar. Ela prometeu três dias a Motso. Isso já havia passado? Ela acha que sim, mas não pode ter certeza.

O Lorde Oni tinha que ser distraído, sua atenção era ludibriada enquanto Kitsu Motso levava o resto das tropas do Leão para o Portal de Volturnum. Motso terá sucesso, ela tem certeza. Ele já purgou o louco Okuma de dentro do Leão, e terminará o trabalho de limpar a honra do clã.

Pouco importa agora. Eles estão no fim. Os suprimentos de jade estão rapidamente enegrecendo, e o grande Lorde Oni desapareceu no sul, deixando sua horda de asseclas para destruí-los. Certamente que por agora ele finalmente decifrou seu plano, mas ela o prendeu aqui por todo este tempo — ela só pode rezar para ser o bastante, que o demônio esteja atrasado demais para impedir que os homens de Motso alcancem o portal.

E assim é nosso fim, ela pensa. Estamos exaustos, sem suprimentos, nosso número é pequeno demais para uma retirada com sucesso. Ela sente um sorriso puxar-lhe a face. É assim que deve ser. Sempre soubemos que morreríamos neste lugar, mesmo quando nos preparávamos para a marcha. Este é o caminho do Leão. Não cabe a nós questionar, divagar ou duvidar. Apenas servir, como nossos ancestrais serviram, e como nossos descendentes servirão depois de nós.

Seu sempai, seu Imperador, sempre soube disso, não importa o quão fraco e reflexivo ele possa ter parecido. Ele não titubeou quando o Império precisou dele. Ela e seus homens também não o fariam.

Um golpe arranca sangue de seu ombro esquerdo. Tsanuri se vira e arranca a cabeça da coisa com um só golpe, certo e rápido apesar do peso da exaustão. A besta se contorce e estremece, seus sangue ferve no chão enquanto morre. Atrás daquilo, as outras bestas recuam, se agrupam, por um momento, há um fluxo na luta.

Tsanuri corre à bandeira e saca seu leque de guerra, sinalizando para seus homens. É hora de encerrar isso adequadamente. Ela não os deixará serem capturados ou tomados pela Mácula. Eles investirão, eles morrerão com honra e glória, seus corpos queimando com a pureza de suas almas.

Ikoma Tsanuri fica de pé por um momento, formando as palavras que deve falar para seus soldados, e neste instante ela ouve. A canção, a voz de seus ancestrais, chamando do Yomi.

“Homens, nós sabíamos que esta hora viria!” Ela grita, e sua voz se funde com a canção. Eles se misturam e fluem em um só, num grito grande além da força de sua própria voz e corpo gasto. “Ergam-se e lutem comigo! Somos o Leão, somos samurais, e hoje morrermos por nossos irmãos e pelas almas de nossos ancestrais! Mais uma vez, gritem para os céus! Mais uma vez, façam essas criaturas saberem como morrerem nas mãos de verdadeiros samurais! Utz!”

“BANZAI!” Os homens rugem em uma só voz, e ela ouve a canção ecoá-la, os ancestrais gritando com eles. Lágrimas de orgulho saem de seus olhos, mas sua face está calma e ela ergue sua espada e a aponta para os incontáveis inimigos.

Eles investem aos monstros, correm sem medo, sem hesitação. A canção os captura e os preenche, e toda incerteza e traições passadas deixam de existir. Só há dever e honra, apenas o chamado de seus ancestrais, apenas o serviço de um samurai.

Ikoma Tsanuri e seus soldados avançam para suas mortes, sorrindo, sem medo. Morrendo como viveram — como Leões.

Um comentário :

  1. Gostei desse conto, acho que consegue passar bem o clima do que é um Leão.
    Parabéns pela tradução Hayashi!

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