1 de julho de 2010

Holy Avenger: A Maior Aventura do Quadrinho Nacional

Pra quem conhece alguma coisa do complicado público brasileiro leitor de quadrinhos e fãs de cultura medieval dos anos 90, certos dogmas pareciam invioláveis: Mangá não é coisa que faz sucesso no Brasil. Literatura medieval é algo para poucas mentes superiores. O ambiente medieval, para ser convicente e fazer sucesso precisa de muita precisão histórica e seriedade em sua agógica... Tudo isso seria muito bem aceito como verdade para os especialistas da época. Até que veio Holy Avenger e mudou tudo.

Inicialmente proposto por idéias costuradas pelos idos tempos da Dragão Brasil, Holy Avenger visava apenas fornecer aos leitores um cenário "legal" para enfiar as "melhores" idéias da revista até então. Querendo de fato isso ou não, Cassaro, Awano, Reis e cia ltda. mudaram para sempre a história dos quadrinhos nacionais, gravando com louvor seus nomes nessa impiedosa saga que é o mercado brasileiro.

Tá, isso tudo você já está cansado de saber, e qualquer coisa que possa ser dita sobre HA é notícia velha. Mas sei que só recentemente tive a idéia de buscar pela revista por aí e acabei encontrando como baixar alguns números. Após lê-los (e confesso que muito desanimado a princípio) acabei não tendo escolha senão correr atrás do resto pq o negócio era MUITO BOM!

...

Digo, muito bom se você está preparado para o humor mangá misturado ao arquetípico modo de mangá/anime tratarem o ambiente de fantasia medieval. Magia, mistério, conspirações, humor (e tá bom! Uma elfa peituda semi-nua) em doses muito bem costuradas, com continuidade excelente e traço e quadrinização impecáveis da louvável Erika Awano-sama e Denise Akemi-sama. Que aliás, me parecem muito mais "mangá" do que muita coisa produzida no Japão.

Um dos destaques para o modo de condução da narrativa de HA, na minha opinião, é como eles conseguem ponderar o nível de "poder" dos personagens. Sim, Sandro, Niele, Tork e cia. mal parecem saber no que estão se metendo direito enquanto aventureiros, à medida que o grupo (realmente) "épico" da história (Leon, Luigi, Lenora, Vlad e Paladino) não se preocupa mais em correr de monstros, mas se preocupa muito mais com a nova geração de aventureiros, anteriormente citada.

Desnecessário dizer, qualquer esforço dos quadrinhos brasileiros que consiga se manter por 40 edições é digno de todo louvor da área e ainda mais. Arton continua tendo um lugar especial no coração de vários RPGistas brasileiros, e, após devorar 42 números (sem contar os especiais, que ainda estou atrás) em três dias, ganhou mais um defensor. Mais do que contar a história de heróis como Sandro e Leon Galtran, e do Protetorado, HA foi um grande passo para o quadrinho nacional, desbravado pelos heróis que construíram essa revista com muita fé ("firme certeza das coisas que não se vêem, mas se esperam" Hb 11.1) e admirável profissionalismo. Muito me arrependo de não tê-la acompanhado na época em que ainda era publicada, e aqui está meu testemunho de mea culpa.

Após ler alguns números, tive a real vontade de converter algumas coisas para D&D 4th. Mas, sinceramente, creio que isso não ocorrerá. Tormenta acaba de ganhar um RPG próprio (que ainda não li), e, mesmo após o hercúleo esforço de transcrever uma linguagem pra outra, ainda assim, provavelmente não terei onde usar pelo menos 90% desse material (a começar pelo fato de que, ainda, não tenho grupo). Mesmo assim, por conhecer apenas essa pequena parcela do cenário, não me candidato a tal esforço. Ainda gostaria de saber mais coisas sobre Arton, e sobre a Tormenta propriamente dita.

Enquanto material RPGístico, Tormenta realmente sofreu maus percalços. 3D&T é muito bom para iniciantes, mas realmente não parece progredir à medida que o jogo pede maior complexidade. GURPS eu não posso falar muito a respeito, mas a principal vertente do material, graças à OGL, foi o d20 de D&D 3.X, e, sinceramente, isso me pareceu agravar ainda mais as deficiências naturais do sistema. Espero sinceramente que essas deficiências tenham sido sanadas no Tormenta RPG (recentemente lançado), já que é algo próprio dos profissionais responsáveis pela sua criação.


Mesmo assim, se você procura uma leitura totalmente descompromissada, mas muito prazeirosa de ler (e principalmente, está correndo como um vampiro corre de clérigo das coisas do Duchamp), saiba para que lado correr! Corra para Holy Avenger.

2 comentários :

  1. Louvada seja a Holy Avenger! Apesar de nunca ter lido (eu sou daqueles que não acham que mangá combina com cenário medieval) acredito que foi um grande iniciativa dos caras já citados no artigo.
    Agora, olha que interessante: eu gosto de Cavaleiros do Zodíaco, que é mangá e tem muitos elementos, não medievais, mas históricos. Vai entender... Um dia eu ainda vou ler essa revista, pra deixar de ser bobo.

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  2. E uma otima historia, li todas as edições e gostei muito do que li nas paginas de Holy Avanger

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