13 de abril de 2011

L5R - Gempukku (Parte 12): O Clã Mantis


Bem-vindos novamente a mais um post para apresentar apenas uma mísera faceta do que é todo o fabuloso Império de Esmeralda, aventureiros virtuais!

É com endêmica alegria que espero que recebam o retorno da seção que sem sombra de dúvidas mais colaborou para dar ao blog a cara e reputação que hoje ele tem. Que este seja o primeiro de muitos outros posts para falarmos de Rokugan. Para falarmos de RPG. Mas, acima de tudo, para nos falarmos.

Sem mais delongas então, com vocês o Clã Louva-a-Deus/Mantidea/Mantis.

O Clã Mantis
Kaimetsu-Uo, "fundador" do Clã Mantis.
Mais um personagem legal destruído pelo traço do
William O'Connor
Observação: Acho que por se tratar de um clã complicado no aspecto linguístico, devo primeiramente tomar pelo menos um parágrafo para falar a respeito. A princípio, a palavra "Mantis" em Inglês designa o inseto mais conhecido pelas bandas brasileiras como louva-a-deus ou rezadeira (dependendo da região). Porém, o radical latino que designa todo esse conjunto de sub-espécies belíssimas é mantidea. E como o Português é uma língua bastante latina, resolvi me apropriar do termo e usar a palavra muito menor e mais prática "Mantis" (pronuncia-se tal qual se escreve, diferente do "Mêntis" saxão) para me referir ao Clã. Também porque achei mais bonito. Também porque fui eu quem traduzi o termo e minha opinião tem que servir de alguma coisa. Se você não gostar ou tiver tiques nervosos com isso, que use Louva-a-Deus ou Grilo Feliz para se referir ao Clã na sua mesa. Eu juro que não me importo.

Mon do Clã Mantis

Famílias: Yoritomo, Tsuruchi, Moshi e recentemente Kitsune
Cores: Verde, azul (segundo o livro), amarelo e preto (segundo ilustrações das cartas)

O Clã Mantis nem sempre figurou entre os Clãs Maiores do Império. O que aliás, é uma conquista relativamente recente desta nobre facção. Porém, se as origens de seus irmãos mais velhos remetem à época do Amanhecer do Império, o Mantis também possui uma ancestralidade tão antiga quanto.

Hida Kaimetsu-Uo, neto do primeiro Hida, é quem é normalmente apontado por qualquer historiador ou samurai do Mantis como primeiro ancestral do Clã. Desapontado por não ter sido escolhido por seu pai como líder do Caranguejo, Kaimetsu-Uo decide procurar seu próprio destino, e se isola de todo o Império nas Ilhas da Seda e Especiarias, a leste do continente de Rokugan. Nesta parte, sua história se mescla a diversas superstições e registros históricos bem nublados. Sabe-se, porém, que ele reapareceria na história no fatídico episódio em que cerca uma cidade costeira do Clã Fênix, exigindo que os portões lhe fossem abertos para que exercesse seu direito de vingança sobre o assassino de seu pai. A Fênix, sem saber que abrigava o real assassino e forçando uma solução pacífica, se nega. Sem outra solução, Kaimetsu-Uo berra aos céus para que a alma de seu pai o ajude. Um trovão subitamente destroi os portões da cidade. A Fênix então reconhece imediatamente o posto de Hida Osano-Wo (pai de Kaimetsu-Uo) como Fortuna Menor do Trovão.

O espírito impetuoso e selvagem de Kaimetsu-Uo provavelmente o teria colocado em inúmeros perigos e aventuras, registradas na tradição folclórica particular do Mantis. Entre elas, circula o aprendizado que teria recebido de um komori (homem-morcego) que vivia nas matas sobre o passado de seu pai, dos Kamis e dos Sete Trovões (vide as fictions do Amanhecer do Império - Dawn of the Empire - que basicamente são as histórias que este komori conta a Kaimetsu-Uo). Conhecendo então as origens de sua impetuosidade e do poder que os mortais têm de moldarem seu próprio destino, Kaimetsu-Uo se ergue da conversa do komori e enxerga um louva-a-deus, que embora pequeno, encara seu implacável destino contra uma natureza muito maior que ele com "braços" abertos e uma postura invariavelmente corajosa. Se este trecho é poético ou histórico, é impossível dizer. Mas os resultados desta simbologia são óbvios.

O posto de primeiro Clã Menor do Império é alvo de intensa discussão entre os historiadores. Em parte, a Raposa tem o precedente histórico, embora o Mantis já tivesse se organizado como algo semelhante ao conceito de Clã Menor bem antes do edito Imperial que concederia esse cargo à Raposa. De toda forma, o Mantis só recebeu o título de Clã Menor realmente bem depois da Raposa.

Entre várias adaptações ao longo da história do Império, o Clã Mantis veio a ser quase extinto por uma desastrosa liderança, sendo reunido apenas décadas depois pelo ronin Yoritomo. Líder carismático e impecável em batalha, Yoritomo reunia qualquer um que se mostrasse competente em seus propósitos, e destemido em suas empreitadas. Sobre a bandeira do Mantis, samurais, ronins e até mesmo camponeses se tornavam uma potência cada vez maior. A força do Clã Mantis o fazia sem dúvida figurar como o mais poderoso dos Clãs Menores no momento, e havia quem os considerasse tão poderosos em alguns aspectos do que alguns Clãs Maiores.

Dada sua localização geográfica, era de vital importância que o Mantis tivesse excelentes navegadores. E os primeiros construtores navais do que mal se entendia como um clã combinaram a robustez dos navios do Caranguejo com a leveza das naves da Garça com resultados notáveis. Logo, se tornaram os melhores navegadores em mar ou rios, equiparando-se até mesmo com a potência mercantil do Unicórnio. Porém, qualquer outro Clã com quem quisesse competir em qualquer área, sempre usava de sua posição privilegiada para menosprezar o pobre Mantis. Foi então que a oportunidade de mudança surgiu, e Yoritomo a agarrou.

Yoritomo. O homem que elevou o Mantis ao status
de Clã Maior
Às portas do Segundo Dia do Trovão, com a Cidade Imperial de Otosan Uchi sitiada por exércitos dos Clãs Maiores, demônios das Terras Sombrias e Nagas prontos para se destruírem no maior e mais desastroso confronto aberto da História de Rokugan até então, Yoritomo recebeu o humilde pedido de usar sua poderosa Aliança dos Três Homens (na verdade, dois homens e uma mulher. O Clã Menor Raposa era liderado por uma mulher na época, bem como o Centopéia, mas a Aliança contava também com reforços dos arqueiros do também Clã Menor Vespa) para auxiliar as forças do Império na batalha. Yoritomo se negou a colaborar. Suas razões eram extremamente simples. Os Clãs Maiores sempre desprezaram os Clãs Menores e cidadãos mais humildes de Rokugan, tratando-os como seres de segunda classe. Se agora eles queriam que Yoritomo ficasse entre eles como iguais, então que eles o vissem como iguais eternamente. Yoritomo praticamente chantageou o Império para que em troca de sua ajuda, recebesse a posição de Clã Maior. E se a situação era desesperadora, a solução foi desesperada. Fato é que a Aliança ajudou com louvor a impedir a total obliteração da capital, e em troca recebeu o direito de ser um Clã Maior.

Assim, Centopéia e Vespa se uniram sobre o nome Mantis, liderado pelos Yoritomo, servindo-os como Famílias menores de um Clã Maior, agora capaz de figurar como um igual aos outros. Obviamente, houve aqueles que criticaram esta decisão. Que não consideraram o Mantis como Clã Maior de fato pela ausência de um Kami fundador. Ou que, mesmo acatando a decisão Imperial, tratavam o Clã como uma espécie de irmão mais novo, desacostumados aos jogos de poder de Rokugan e incapaz de se cuidar sozinho. Aos poucos, o Mantis vem trabalhando para quebrar esses preconceitos ao longo da História.

Um bushi Yoritomo com suas armas mais comuns.
O espírito aventureiro, desbravador e por vezes libertino de sua filosofia também é outro espinho nos pés dos mais tradicionalistas. Para o Mantis, qualquer pessoa com talento suficiente pode chegar aonde quiser. Independente de sua linhagem. Este raciocínio foi levado aos extremos de abrigar até mesmo um gaijin declarado entre seus samurais. Yoritomo Singh (ex-Ramah Singh) era originalmente um enviado do Califa dos Reinos de Marfim, mas resolveu ficar por Rokugan. Essa suposta "complacência" com as classes menores, porém, não é vista em seus oficiais. Qualquer um pode se candidatar a samurai do Mantis, mas as cobranças com lealdade, ombridade, competência e resistência são iguais, independente se sua origem é nobre ou não.

Os Yoritomo continuam sendo até hoje os líderes incontestáveis do Clã. Talvez uma herança do pragmatismo pela ancestralidade Caranguejo. Como bushis, eles empregam um versátil estilo que usa mais armas menos nobres, como kamas, tonfas ou até mesmo sais. Além de celebrar a memória do fundador da Família, tal característica remete ao fato de que em caso de luta em alto mar, o uso dessas armas evita a infeliz perda da katana ancestral de cada samurai. Uma vez caída no mar, é quase impossível recuperá-la. Enquanto cortesãos, porém, os Yoritomo trabalham incessantemente para manter os mares de Rokugan abastecidos e seguros para que as mercadorias de todos os clãs cheguem tranquilamente em seus destinos no menor tempo possível. Sim, isso por vezes quer dizer ter que lidar com afazeres comerciais na prática, o que muitos cortesãos evitariam, mas para eles não há problema. Talvez este seja outro traço passado pela ancestralidade com o Caranguejo, pela Família Yasuki.

Arqueiro Tsuruchi. Estar na mira deles já é meio
caminho para perder o personagem.
Os Tsuruchi são o antigo Clã Menor Vespa, e continuam celebrando a memória de seu fundador, tido como o maior arqueiro da história de Rokugan. Mestres no arco talvez ao nível que os Kakita são do iaijutsu, os Tsuruchi normalmente servem como caçadores de recompensa, ou defensores dos fracos e oprimidos no continente. Seus talentos em arquearia são exponencialmente úteis no caso de um confronto contra o Mantis, já que qualquer invasão ao seu território nas Ilhas da Seda precisaria ser naval. De todas as Famílias do Mantis, os Tsuruchi talvez sejam quem mais honram seu passado, raramente deixando as cores originais de seu antigo Clã Menor (amarelo e preto), usando-as em adornos como bandanas ou faixas de pano amarradas aos braços, juntamente com as cores típicas do Mantis. Se os Yoritomo são os líderes, os Tsuruchi são soldados prontos para atenderem os comandos e executarem os planos e propósitos do clã em favor dos de menor posição. Isso mantém o clã em boa reputação tanto com os samurais quanto com os camponeses e evita que o Mantis se isole excessivamente em suas ilhas.

Shugenja Moshi TOCANDO O TERROR!... Mas "na paz".
A Família Moshi é antigo Clã Menor Centopéia, originalmente uma ordem de sacerdotisas estudiosas da divindade Amaterasu (o Sol). Com a absorção para o Mantis (e a morte de Amaterasu), porém, as sacerdotisas da Família (apenas mulheres Moshi se tornam shugenjas) mudaram de interesse. Elas passaram a ser estudiosas das tempestades tão comuns nos oceanos rokuganis e no arquipélago em que se instalaram. Intrinsecamente ligadas ao mar, as Moshi dominam magias de Água com notável talento, sem, porém, perderem a intimidade com o elemento Fogo, tão intensamente presente no trovão tempestuoso. Não obstante, ao contrário dos típicos shugenjas de Fogo, as Moshi são extremamente calmas e pacientes. Elas se dizem como "olhos de furacões". Sendo verdadeiros poços de calmaria mesmo em meio à mais furiosa tempestade. Essas são contradições que permanecem sem resposta mesmo para muitos estudiosos Isawa. Mais recentemente, estudos Moshi descobriram meios de realmente fundir-se a uma tempestade, que ganha uma encarnação física na forma de serpentes marinhas monstruosas chamadas Orochi. Os Orochi na verdade são espíritos oriundos do Chikushudô, que podem vir para o Ningen-dô por propósitos variados. Uma vez combinados a samurais do Mantis na forma dos temidos Cavaleiros Orochi (Orochi Riders, no original), porém, o resultado pode ser assustador.

"Hm... Eu acho que já vi algo assim em algum anime..."
Diante de uma catástrofe que recaiu sobre o Clã Raposa, a Família Kitsune também recebeu permissão para se unir ao Mantis. Embora sejam shugenjas de raríssima especialidade (comunicação com os espíritos animais do Chikushudô), os samurais da Raposa também são capazes de servir como excelentes batedores, patrulheiros e combatentes em solo florestal. Por serem mais outra sede em solo continental, a Raposa também é um forte instrumento político para o Mantis.

Embora seja um Clã notório pelo seu desempenho naval e bélico, o Mantis é na verdade um clã bastante equilibrado em suas potências. Se o estilo de combate corpo a corpo Yoritomo e a arquearia Tsuruchi os tornam virtualmente imbatíveis em alto mar, a dedicação sacerdotal das Moshi e de Ordem de Monges de Osano-Wo é tão notável quanto. Dada sua heterogenia, o Mantis por si só é difícil de ser descrito como excpecionalmente bom em algo, mas também o priva de qualquer fraqueza muito acentuada.

O Mantis é um clã que sempre se orgulhará de seu espírito aventureiro, livre, curioso e ousado. Não importando a ameaça, o Mantis jamais se intimida. Donos de audácia incessante, eles estão sempre dispostos a quebrarem tradições, o que é útil quando todos os outros clãs se vêm amarrados a elas. Mestres incontestáveis dos bravios mares rokuganis, eles por vezes precisam lidar com ameaças internas, como samurais que deixam a ambição falar mais alto e se entregam aos repudiáveis atos de pirataria.

Acima de tudo, o Mantis é um clã que jamais se esqueceu de suas origens "humildes", e que sabe que sem os camponeses, Rokugan se esfacela sobre si mesma em pouco tempo. Assim, eles sempre protegerão os mais fracos e desprotegidos, desfavorecidos pela Ordem Celestial. Se isso vai contra as tradições, azar o delas, diria um Mantis. O que importa é fazer o que ele acharia que é certo ou honrado.

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