Sinceramente, achei ela meio chatinha. Mudança de cargo dentro do Clã Aranha.
"No coração do Clã Aranha, um homem corajoso mina a obra de todo o seu clã meramente para aumentar seu poder e prestígio. Um ato que não passa despercebido."
Desafios
Por Nancy Sauer
Editado por Fred Wan
Traduzido por “Isawa” Hayashi
Um fino fio de fumaça saía numa coluna reta do incenso, enchendo a sala de um aroma agridoce. Chuda Seikai pôs seu pincel ao lado e respirou fundo, esfregando seus dedos para aquecê-los. Então retomou o pincel e se preparou para continuar seu trabalho.
A fumaça correu para o lado e de repente Seikai não estava mais sozinho na sala. Isawa Fosuta estava diante dele, sorrindo benignamente. Katsu não confiou na expressão por um momento, e duvidava que Seikai confiasse também. O Chuda ergueu seu olhar ao recém-chegado por um momento, e então abaixou seu pincel e se curvou sobre sua mesa. “Isawa-sama,” ele disse, “Estou surpreso em vê-lo aqui. Há algo errado?”
“Não no momento,” disse Fosuta. “Mas sou o Campeão de Ônix, é meu dever ficar atualizado de toda pesquisa mágica executada aqui. Desejo ver o manuscrito em que está trabalhando.” Ele estendeu uma mão aberta.
Seikai se contorceu, mesmo que sutilmente, ao pedido. “Isawa-sama, temo que alguém o informou mal. Este manuscrito não contém pesquisa, é meramente uma cópia de um ritual já conhecido.” Fosuta não respondeu, mas continuou ali com uma mão pronta para receber o manuscrito. Seikai esperou, e esperou, e finalmente pegou o manuscrito e o entregou a ele. Fosuta o leu cuidadosamente e o devolveu.
“Obrigado, Seikai-san,” ele disse. “É muito importante para um homem de minha posição saber o que outros shugenjas estão fazendo, não concorda?”
“De fato,” disse Seikai. “Muito importante.” Ele esperou até que Fosuta deixasse a sala, e então amassou o papel e o jogou fora pela sala num gesto de irritação.
Katsu recuou da tigela de sangue que estava usando para vidência, uma expressão pensativa no rosto. Muitas magias estranhas eram possíveis para ele após sua transformação no tipo de feiticeiro gaijin conhecido como khadi, e ao usá-las era possível espionar até mesmo alguém tão ardiloso quanto o Campeão de Ônix. Estava claro para ele o que Fosuta pretendia; a única questão era o que fazer a respeito, se é que faria.
Após alguns minutos ele se levantou e deixou suas câmaras. Caminhando sem pressa pelos Dedos de Ossos, parando para prestar os devidos respeitos ao oratório de Bishamon que alguns pios samurais da Aranha construíram, e então parando para admirar um pilar de rochas naturais cujas cores eram a de um claro nascer do sol: rosa, açafrão e glorioso branco perolado. Finalmente sua rota passou pela torre de onde Daigotsu administrava seus negócios diários da Aranha, e aqui ele se apresentou aos guardas e requisitou uma audiência com seu senhor. Alguns minutos se passaram, durante os quais ele teve o cuidado de não pensar em nada em particular, e então as portas se abriram para ele.
Katsu entrou e imediatamente se ajoelhou e se curvou a Daigotsu. “Obrigado por permitir vê-lo hoje,” ele disse. Enquanto falava, as portas atrás dele se fecharam, e ele relaxou levemente. A câmara era impossível à vidência assim que as portas se fecham, e Katsu sabia que isso era real porque ajudou a criar as proteções que a defendiam.
“De todos os seus defeitos,” disse Daigotsu, “ninguém o chamaria de frívolo. Se deseja me dizer algo, então desejo ouvi-lo.”
“Irei diretamente ao ponto, então. Meu senhor, Isawa Fosuta está procurando pelos shugenjas mais poderosos daqui. Ele os está intimidando, para impedi-los de desafiá-lo pela posição de Campeão de Ônix.”
Daigotsu emitiu um olhar surpreso. “E esta é a causa de preocupação? O Campeão deve ser forte — se os outros têm medo então não merecem a posição.”
“Meu lorde, é um problema pois Fosuta não é leal a você. O Campeão de Ônix deve ser seu campeão, e Fosuta não o é. Saiba isso: ele abandonou seus vassalos mais de uma vez quando sentiu risco, quando sua presença poderia ter trazido vitória, ou ao menos um preço maior em sangue aos opositores.”
“Você acha que agora ele é leal a outro?” Daigotsu não sentiu necessidade de especificar um nome.
“Não,” disse Katsu. “A lealdade de Fosuta está com quem sempre esteve: Isawa Fosuta.”
“Iweko tem Jimen,” disse Daigotsu secamente, “Eu tenho Fosuta. Há certa simetria, não acha?”
“A Imperatriz, talvez, possa suportar lealdades divididas,” disse Katsu. “Você pode?”
“Você ganhou coragem, Katsu.”
“Você é meu senhor, e está em perigo. O Império nunca parou de caçá-lo, e agora Kali-Ma está roendo as almas dos seguidores mais dedicados. Falo porque devo.”
Daigotsu ficou em silêncio por um momento. Katsu o servia porque ele tinha o coração do khadi numa caixa de ferro, para ser destruído a qualquer hora, mas mesmo assim porque o bushidô era o último elo restante daquele homem à humanidade — mas isso não tornava sua demonstração de lealdade menos impressionante. “E como meu vassalo me aconselha?”
“Faça Shahai desafiar Fosuta.”
“Não.”
“Ela pode destruí-lo com facilidade!”
“Não,” disse Daigotsu, e então ergueu uma mão quando Katsu começou a falar. “Ela, e você, são armas que tenho em reserva — não desejo que ninguém aqui meça seus poderes. E antes de questionar minha sabedoria, pergunte-se o que aconteceria se Konetsu soubesse a localização exata dos Dedos de Ossos, ou qualquer coisa sobre a fortaleza do sul.”
Katsu pausou. Konetsu sumiu a caminho das terras do Escorpião, apenas para reaparecer nas terras da Garça, penitente e completamente liberto da Mácula. O incidente foi polêmico ao extremo, e disparou esforços frenéticos para catalogar e lidar com qualquer plano que poderia ter uma informação útil. “Não digo que sigilo é desnecessário,” ele disse, “mas você ponderar o perigo que Fosuta representa a você também.”
“Verdade, verdade.” Daigotsu ficou em silêncio por alguns minutos, pensando. Katsu esperou pacientemente. “Sim,” disse Daigotsu, finalmente, “Sim, isto funcionará.” Ele olhou para Katsu. “Fosuta não sabe que o esteve observando?”
“Sim.”
“Continue sua observação, mas agora faça que ele saiba. Não faça nada mais ameaçador, mas não deixe sua atenção se desviar de você.”
“Como quiser, meu senhor.” Katsu curvou-se e partiu.
* * * * *
Mirumoto Hohiro olhou para os documentos de viagem, pensando no que fazer agora. Ele era um guerreiro enviado para vigiar uma estação intermediária numa estrada pouco usada enquanto finalmente se curava de suas feridas de batalha, e ninguém lhe dissera como lidar com documentos de viagens assinados por um Otomo de quem ele nunca ouviu. Parecia-lhe que os Otomo tinham autoridade para conceder tais grandes coisas, mas ele suspeitava que ofender um deles teria conseqüências infelizes. Ele olhou para o viajante que se apresentava, esperando por alguma pista de como proceder, e notou algo estranho sobre o homem.
“Takasho-san,” disse Hohiro, “seus documentos dizem que é um ronin, mas há uma máscara em seu cinto de aparência do Escorpião.”
“Você é perspicaz,” disse Takasho gravemente. Ele pegou a máscara em seu obi e a apresentou para inspeção. “Já fui do Escorpião, e usava meu talento para falar com os kamis e revelar todo tipo de segredo ao meu senhor. Ele não tinha espião melhor do que eu — até o dia em que testemunhei a ascensão da Imperatriz.”
“Você esteve no Torneio?” Disse Hohiro, fascinado.
“Estive, mas apenas como servo de meu clã. Estava nas margens da multidão quando A Divina foi purificada pela luz dos céus, mas mesmo isso bastou — no brilho daquela luz percebi que o que eu fazia era pouco mais do que uma blasfêmia, pervertendo rituais sagrados dos kamis para atos de desonra.” Takasho pausou apenas por momento, e olhou reverentemente ao céu. “Quando vi meu senhor ele imediatamente percebeu o que aconteceu comigo. Não tinha mais uso para ele, então ele me liberou de seu serviço e me deixou perseguir o destino que recebera. E assim você me vê agora, como um ronin em busca de sabedoria.”
“Takasho-san, está claro para mim agora o motivo de vir às terras do Dragão,” disse Hohiro. “Mas sabe que estamos sob ataque das forças do Oráculo Negro; não há segurança em nossas estradas.”
“Você é gentil, Mirumoto-san, em me avisar. Mas nossos destinos são traçados em nossos nascimentos. Encontrarei os monges Togashi e aprenderei com eles, ou perecerei e buscarei minhas respostas na próxima vida. Estou contente.”
“Muito bem,” disse Hohiro. Ele enrolou os documentos e os devolveu. “Carregue as Fortunas, Takasho-san.”
“E você também, Mirumoto-san.” Takasho guardou seus documentos e foi embora. Esta história que Usharo lhe contara sobre o Torneio era infinitamente útil, ele refletia para si mesmo, foi bom ele ter tempo para ouvi-la.
* * * * *
O banco do lado de fora da cantina era desconfortável e o sakê era terrível, e ambos cabiam ao humor de Takasho perfeitamente. Ele morosamente encheu seu copo e o bebeu num gole.
Ele ficou empolgado ao ouvir que tinha sido enviado aos Dedos de Ossos para levar notícias sobre a fortaleza do sul. Ele não via Daigotsu desde o dia fatídico em que jurou lealdade ao Lorde Negro, e Takasho nem tinha certeza se seu senhor ainda se lembrava dele. A tarefa significava abandonar seus planos para se tornar o shugenja chefe na fortaleza do sul, mas era valiosa por outra chance de impressionar Daigotsu.
Takasho pegou a garrafa de sakê e a bateu na porta da loja. “Mais sakê!” Ele gritou.
Ele não tinha impressionado Daigotsu. Ele recebeu permissão de ver Daigotsu. Seu relatório foi entregue a um funcionário morto-vivo que fez perguntas que até mesmo o mais estúpido bushi poderia responder. Foi o dia mais frustrante em sua vida, eclipsando até mesmo a época que tinha que lidar com as gangues incendiárias de Ryoko Owari.
Os devaneios de Takasho foram interrompidos por uma abrupta agitação nas pessoas que se moviam pela área. Um movimento era o contínuo rio de pessoas cuidando de seus afazeres diários, e no momento seguinte elas fluíam para as ruas laterais e becos, ou se agachavam nas pequenas lojas pelo caminho. Na rua à sua esquerda Takasho viu um jovem em estranhos mantos ornadamente decorados com ossos sendo seguido por uma estranha criatura que caminhava quase como um homem, mas que era completamente coberta de curto pêlo marrom acinzentado. À sua direita estava um homem mais velho vestido num kimono de rico marrom bordado com ouro, olhando aguçadamente ao homem com a criatura.
Takasho acabara de conferir os dois e concluiu que se esconder na cantina não adiantaria, principalmente quando o homem mais velho sorriu, curvou-se para o outro e foi embora por outra direção. Takasho olhou para ele por um momento, e então olhou para uma das garçonetes, que agora estava próxima a ele, uma garrafa de sakê aquecido em sua mão. “O que aconteceu?” ele disse.
“Katsu, o filho do Oráculo Negro do Ar,” ela disse, assentindo sua cabeça ao homem que se retirava, e então para o outro, “Isawa Fosuta, o Campeão de Ônix. As pessoas dizem que ele desafiará Isawa-sama pelo cargo de campeão.”
“Apenas Katsu? Certamente muitos querem esta honra.”
“Não mais. Não desde que Isawa-sama envenenou o último antes de ele iniciar a primeira prece.” A mulher olhava para ele, Takasho notou, com uma atenção levemente maior que o comum.
“Ele envenenou seu oponente?” Disse Takasho. “Isto é brilhante! Claramente este é duplamente digno.” Ele levantou o copo para a mulher enchê-lo. “Pode me contar mais histórias sobre ele? Ele é exatamente o tipo de líder que nosso clã precisa em tempos como esses.”
“Poderia contar algumas coisas, mas não posso ser visto sentado e conversando com quando há trabalho a ser feito.” A mulher serviu a garrafa e virou-se para ir.
“Não, não, fique.” Takasho deixou algumas moedas na mesa. “Pagarei pelo seu tempo; seu empregador não terá do que reclamar.”
“Bem, se é este o caso,” a mulher disse, e se ajoelhou para ficar confortável. “Eles dizem que Isawa Fosuta era um inquisidor…”
Takasho ouviu atentamente suas palavras, sua mente vasculhando plano e contra-plano.
* * * * *
O público na arena zumbia com a excitação do desafio por vir. Katsu estava presente, pacientemente próximo ao palanque em que Daigotsu e Shahai se sentavam. Ele não tinha manuscritos visíveis, fazendo muitos imaginarem que tipo de magia estranha ele usaria contra o Campeão de Ônix.
O barulho aumentou ainda mais quando Fosuta entrou na arena. “Estou aqui!” Ele gritou. “Quem vem me desafiar?” Ele olhou precisamente para Katsu. O khadi permaneceu onde estava, não dando atenção para as palavras de Fosuta. O barulho da multidão começou a mudar de antecipação para confusão.
“Não há ninguém com coragem para me desafiar?” Disse Fosuta. Ele sorriu para o público, claramente interpretando a inação de Katsu como uma vitória.
“Eu o desafio,” disse Takasho, saindo da multidão. Ele entrou no círculo e assumiu uma postura de combate.
“Você? Quem é você?” Disse Fosuta.
“Sua morte,” disse Takasho, e com um gesto ele invocou um vento que arrancou rochas do chão e as atirou em alta velocidade em Fosuta. Ele tinha que terminar esta luta rápido, ele pensou: quanto mais durasse, maior a vantagem do ex-Fênix.
Fosuta reagiu e as mandou de volta para Takasho, mas o shugenja já esperava por isso e invocou um furacão para se proteger. Do centro do vento, pássaros voavam moldados por maho perfeita, e eles gritavam e investiam sobre a face do Campeão de Ônix. Fosuta os rasgou com uma palavra e então assumiu uma postura de ritual, fogo de jade brilhava nos dedos de sua mão direita. Antes que pudesse terminar o ritual, uma faca voou pelo ar e se alojou em seu ombro direito. Ele andou para trás um momento, confuso por um ataque inteiramente não-mágico, e tentou curar o ferimento enquanto erguia uma defesa contra o próximo ataque.
“Errei, maldição,” xingou Takasho, e preparava-se para invocar seu feitiço mais devastador. Ele estava quase terminando a invocação quando uma voz que não podia ser ignorada ou desobedecida correu pela sua cabeça. “OLHE PARA CIMA!” Takasho olhou e viu o estranho companheiro peludo de Fosuta caindo sobre ele. Reagindo instintivamente ele liberou o feitiço, e a coisa peluda foi envolvida por energias negras crepitantes. Houve um grito da coisa, e então de repente a multidão foi coberta de sangue, pêlo e lascas de ossos. Takasho tomou um feitiço protetor, esperando pelo próximo movimento de Fosuta, mas nada aconteceu. Olhando pela arena o shugenja percebeu que seu oponente desaparecera, deixando-o sozinho e vivo no círculo.
O público, e Takasho, ainda estavam no processo de entender que Fosuta havia fugido quando Daigotsu chamou Katsu ao seu lado com um gesto. “Você sabe onde ele está?”
“Em um dos túneis deixando a cidade, fugindo rapidamente,” disse Katsu.
“Se possível, continue observando aonde ele vai. Posso encontrar um uso para ele depois.” Daigotsu apontou para Takasho. “Agora, traga-me meu novo Campeão de Ônix.”
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Fiction original em: http://www.l5r.com/story/challenges/
Cartas hospedadas em: L5R Search.com
Eu curti a história. Existem alguns erros de digitação ao longo do texto, mas nada que comprometa a leitura. Você traduz muito bem e evita a repetição de palavras, o que quase sempre acontece comigo quando eu traduzo algo. Mas deixe-me perguntar, essas fictions que tem traduzido já são dos tempos da nova edição de L5R?
ResponderExcluirChubiduba mano!
ResponderExcluir"Aguardo a continuação" (essa foi só para encher o seu saco!)
Até gostei do conto, nada muito empolgante, mas na base dos outros.
Tu tens intenção de reunir todos os seus contos em pdf ou algo que valha?
Aguardo o próximo conto!
Eu ACHO q alguém no orkut teve essa idéia. Mas não sei nem q fim levou.
ResponderExcluirDe repente seria legal reunir aquelas fictions numa espécie de "encadernado". Bom, vou ver depois o q pode ser feito a respeito.
Se precisar de ajuda para ler o encadernado, conte comigo!
ResponderExcluirÓia que leio bem pra caramba!