Rokugan é um cenário de RPG único. Mas existem dezenas de outros RPGs ambientados no Japão Feudal.
Rokugan tem samurais. Como todo outro RPG de Japão Feudal também têm.
Rokugan tem ninjas. E até mesmo RPGs que não são orientais também têm.
Enfim, dos vários destaques que integram o cenário de Legend of the Five Rings, o que creio ser o fator diferencial de Rokugan, em relação até mesmo a outros RPG's não tão orientais assim, é o seu sistema político. Ao que me consta, L5R é o único RPG existente que fornece uma classe totalmente política e totalmente funcional em relação às outras mais destinadas à ação física. Isso mesmo, por mais que Dragonlance e similares tenham a classe "Nobre", por exemplo, para D&D 3.X, em L5R, a ação do cortesão é tão importante que por vezes até mesmo ofusca os personagens mais belicosos.
Bom, para começar, o termo "cortesão" é bem geral. Ele se destina a qualquer samurai que atue como diplomata, negociador, representante, arauto ou simplesmente um burocrata especialista em trâmites legais ou até mesmo um "consultor de relações sociais". Ou seja, o cortesão está longe de ser um samurai como tipicamente se imagina, travando guerras e duelos pela Honra e outros valores filosóficos. Bom, pelo menos o cortesão não o faz à mesma maneira que os bushis, por exemplo. Vamos falar disso então.
O trabalho do cortesão é praticamente o reflexo de seus primos bushis, só que no campo civil. Se os bushis lutam com aço, posições de unidades e golpes precisos, o cortesão compete com seus iguais dos outros clãs com palavras, acordos, estratégias políticas, alianças e segredos. Sim, o campo de batalha é um território mortal, mas pelo menos se faz alguma idéia de onde possa vir o inimigo. Na corte, seu inimigo real pode ser aquele que se diz seu amigo, e a qualquer momento, todo o panorama estabelecido pode mudar sem o menor aviso, exceto àqueles que têm o real tato político e o raríssimo dom de perceber os mais sutis nuances de seus colegas.
Bayushi Saya (mais acima) e Shosuro Dazai. Duas cortesãs do Escorpião. |
Doji Nagori e sua esposa Jorihime conversando com cortesãos do Mantis. Sem exagero algum, milhões de vidas estão em jogo. |
Uma comitiva da Garça. Não se engane pelas caras de bons moços. Eles podem fazer um estrago nesse "campo de batalha". |
Kyuden Doji. Tidos como os jardins mais belos do Império, perdendo apenas para o Palácio Imperial. |
Em qualquer conversa da corte, porém, uma abordagem poética e floreada para introduzir propriamente o assunto que se deseja discutir é amplamente favorável.
"Seu reflexo parece atribulado nas águas de seu sublime lago, Doji Haruko-san. Meu peito chega a doer em pensar que tal expressão de beleza venha a ser maculada com uma lágrima de preocupação. Acaso é o seu casamento com Hida Junnichi que tanto a preocupa, Doji-san?"
Inversamente, cabe ao anfitrião prover aos seus convidados instalações dignas e outras "frivolidades" dignas de sua atenção. Músicas, peças de teatro, banquetes, exposições de arte e coisas semelhantes costumam ser as amenidades costumeiras nas cortes do Império. Na prática, tudo isso é apenas uma desculpa ou um pano de fundo para as reais ações que chamam a atenção nas cortes. Como são organizadas tipicamente no outono e no inverno de Rokugan (estações em que os exércitos dos Clãs estão ou se recolhendo do inverno, ou de fato se abrigando dele), as cortes são as principais oportunidades dos clãs que se saíram mal nos campos de batalha correrem atrás das desvantagens e conseguirem se manter. Seja conseguindo aliados ou exigindo satisfações sobre injúrias e dívidas de honra das mais diversas. Praticamente não há corte em Rokugan sem que haja pelo menos dois samurais querendo resolver suas diferenças por duelo.
Desafio |
Foco |
Os duelos normalmente são feitos a céu aberto, para que qualquer pessoa possa servir de testemunha. Porém, no caso de algum duelista suspeitar de trapaças do outro lado, este pode solicitar a "arbitragem" de um terceiro envolvido, neutro nesta questão, para examinar as armas e as condições justas para o enfrentamento. A maior parte dos duelos de Rokugan são feitos até o primeiro sangue, ou seja, até que um duelista seja ferido. Prosseguir deste ponto é extremamente desonroso. No caso de um duelo até a morte (oriundo de ofensas mais graves), mesmo que defendido por um "campeão", espera-se que o samurai derrotado siga o mesmo destino, fazendo seppuku.
Saque! No caso, temos um Golpe Kármico. Ambos duelistas se matam. |
Por outro lado, também são nas cortes que muitos acordos, enlaces matrimoniais e alianças (inclusive militares) são formadas. Se por um lado as cortes são onde derrotas podem ser compensadas, elas também são consideradas um meio de se obter vitória no campo de batalha antes mesmo de qualquer espada ser sacada.
Daigotsu Susumu (ou só Susumu, nas cortes oficiais). Quem vê cara não vê coração... Maculado até o miocárdio. |
Bom, já deu pra ver como o negócio é legal, né? Espero ter dado conta de gerar o máximo de vontade e curiosidade sobre as fascinantes figuras que são os cortesãos de Rokugan e criar aventuras mais políticas e fugir um pouco do "D&D de samurais".
Se realmente ficaram com vontade de saberem mais sobre os cortesãos e o sistema político de Rokugan, comente! Como livros mais indicados, obviamente vale o Masters of the Court (suplemento para os Clãs Aranha, Garça e Escorpião. De longe esses dois últimos ruleiam geral na corte. A Aranha... Nunca fez nada direito).
Eu também cheguei a fazer uma house-rule para abordar melhor o esquema de cortes de grande porte. E dada a incrível semelhança entre as cortes e os campos de batalha, tomei a liberdade e usar como base o incrível sistema de batalha massiva de L5R. Se tornando algo parecido com uma "esquema de cortes de grande porte". E dada a incrível semelhança entre as cortes e os campos de batalha, tomei a liberdade de usar como base o incrível sistema de batalha massiva de L5R. Se tornando algo parecido com uma "Corte Massiva".
Até a próxima seção Gempukku!
UTZ!!!!
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